"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sonhos, apenas sonhos

Sonhei contigo. Dentro de uma caixinha de sonhos nós estávamos com uma linda melodia. A neve, essa caía entre nós sem pedir licença. A nossa cara estava rosada do frio da noite. Olhei para ti, fechei os olhos, mordi o lábio e sussurrei de baixinho ‘fica comigo… fica comigo’. O tempo não existe, a distância tem medo de nós. O amor esse, existe e tem o teu nome. Assim, entre gestos, palavras e sentimentos o dia me chamou e a caixinha fechou, a música parou de tocar e nós lá ficamos, deitados sobre a neve a falar das constelações.  

sábado, 27 de novembro de 2010

«era uma criança .... Hoje também sou porque te tenho a ti que me provas que afinal não foi mau de todo ter crescido..»

A vida é um mero sonho.

Recordo-me como se fosse hoje, eu no hall de entrada com a boca aberta a apanhar gotas de chuva que caiam do telhado. A roupa ficava toda molhada e a boca gelada, mas isso não importava porque feliz eu estava. Ficava horas a contemplar o meu reflexo nas poças de água que ficavam na rua depois de uma noite chuvosa. E, quando corria atrás das ondas e ao mesmo tempo fugia. Até uma me apanhar primeiro e ficar com os pés molhados e frios. Como era pequena, mal sabia eu que os dias eram páginas no meu livro. São todas elas que me fizeram quem eu sou. E tudo para trás fez sentido para hoje te conseguir dizer que amo as tuas marquinhas de nascença, o teu sorriso e o teu cheiro. Agarra a minha mão como nunca agarras-te, vais te surpreender. Hoje o dia é mais do que tu imaginas.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Quando existem noites


que valem por dois dias sem ti
eu fico feliz...
e não me importo de partilhar o crepe contigo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Eu sei que te posso encontrar no fundo do mar...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sussurros transparente entre estrelas cadentes


Foi em 1952 a partida para a longa viagem. Não sabia onde ficava a estação pouco menos a paragem de autocarro. Nunca tinha precisado de tais meios de transporte. A teimosia era mais forte que o corpo, então os ponteiros do relógio encaminharam os seus passos. Foi à deriva, como barco na branca espuma. A rota não era feita de mapas, talvez de sentimentos e desejos. Só queria poder ver todas as estrelas que existiam no céu sem ter a luminosidade da sociedade. Conseguir diferenciar o brilho de cada uma, e contar os segredos a cada uma delas em sussurros transparentes. Tentar saber se elas também guardavam segredos para o seu ouvido enriquecer. Podia ser que alguém do outro lado do mundo, conta-se também seus segredos ás infinitas luzes do céu e espera-se por um milagre, um sinal na infinita escuridão. Mas as respostas nunca vieram. E as sombras nunca pareceram as mesmas.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Era uma vez...

Era uma vez uma rainha com chapéu de cisne. Era uma vez um rei com cara de peixe.
Que tinham nascido de um traço de carvão. E viviam felizes na folha quadriculada do coração.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Vendedor de flores

Dez da manha e a porta ainda estava fechada. Todos que por lá passavam encaixavam a hipótese de ter adormecido, mas acham muito estranho. Três da tarde e o cantinho das flores ainda tinha a porta trancada com as persianas fechadas.

Sua loja, não tinha hora de abertura e de fecho. Vendia as suas flores por amor e não por dinheiro. Por isso, acordava cedo para viajar até o seu cantinho. Vendia suas flores para cobrir as ruas de pregões de amor eterno.
Era um vendedor de flores, que sabia ao certo corresponder a cada espinho pregado no coração de alguma alma desesperada para com a sua flor pedir um perdão. Correspondia aos homens apaixonados, que iam em busca da melhor flor, a mais forte e esplêndida para dar a sua parceira num dia especial. Vivia numa zona piscatória, muitas já foram as vezes que floriu corações de amargura de esposas que sofreram com a morte dos seus queridos pescadores no alto mar. Sabia, sempre qual a flor que correspondia a cada pessoa mesmo antes de ela o dizer. Gostava do que fazia, e era muitas as vezes que ensinava os seus filhos a tratar de cada pétala de flor. “Um vendedor de flores a ensinar seus filhos a escolher seus amores”.
Quando sentia que suas flores necessitavam de carinho, fechava sua loja, sem se quer olhar para o relogio. Dedicava seu tempo a elas, retirava as folhas secas , regava com todo o seu amor e delicadeza. As flores são frágeis, sensiveis, sempre disse aos seus filhos que as flores são belas concluindo que belas são as coisas frágeis.
Sentado na sua candeira de baloiço, contemplando as flores relembrava uma tarde de inverno, à muito tempo atrás. Ainda era novo de carreira, nem tinha um cantinho como hoje tinha, por isso vendia seus ramos pela rua. Nessa tarde fria, encostou-se a uma árvore. O dia não tinha sido muito bom e já pensava ir para sua casa. Quando do outro lado da rua viu uma mulher a acenar. Quando ele a percebeu, ela mudou de gesto, e apontava para ele. O vendedor de flores olhou-se. Era o ramo. Ele mostrou-o, erguido em frente de si. Isso mesmo, ela confirmava com um sorriso nos lábios e nos olhos. O próximo gesto viera depois do sorriso. Ela coçava o indicador com o polegar de uma das mãos. Dinheiro. Ele olhou as flores. Olhou o céu e reflectiu, negou. Negou, com um gesto firmo do dedo indicador. E ergueu de novo o ramo em direcção à mulher. Não entendeu, ergueu os ombros e as palmas da mão. Quando o sinal vermelho deu lugar ao verde para os piões, ela deslocou-se ao vendedor. Encontraram-se os dois no meio da calçada. Não vende? Não posso, não são minhas. Ah. Olhava decepcionada. São suas. Ela colheu-as no seu peito e agradeceu. Nunca mais viu esta mulher, mas sabia que um dia a tinha feito feliz e isso alegra seu peito de flores.
Casou, passado muito tempo.
E hoje, estava casado à vinte e cinco anos. Na sua loja, enquanto sentado e a relembrar aquele dia tão feliz reconheceu gestos familiares, olhares comuns e não acreditou. Fechou a sua loja e correu até sua mulher e perguntou se algum dia um vendedor lhe tinha dado um ramo. Ela confirmou, com o olhar.

domingo, 10 de maio de 2009

Marinheiro dos sonhos

Na noite adormecida ela dançava como bailarina. A melodia do vento enchia o seu corpo, sentia-se bailarina sem nunca ter bailado ao som de um acorde. Quando o seu corpo não aguentava mais nenhuma rodada no vazio, encostava-se á parede fria da sua sala. Imaginava o seu marinheiro de sonhos a chegar de uma noite fria e inquieta. Teria ela medo de sozinha se deitar na sua cama. Nunca perdeu aquele medo de pequena, encontrar o bicho papão debaixo da cama. Então dançava pela escuridão da noite a dentro à espera que a luz da madrugada deixasse visível cada passo cada gesto, recolhendo-se então para sua cama. Sempre acreditou que a luz da noite trazia o bicho papão para debaixo da cama e com o raiar do dia ele desaparecia.
E encostada à parede fria ela continuava a pensar no seu marinheiro de sonhos. Não se importava das suas mãos ásperas de tanto trabalhar ou dos rasgões de anzóis ancorados na pele queimada de tanto sol apanhar.
Nos primeiros raios da madrugada recolhia-se então para os seus lençóis cor do mar e com a sua almofada acreditava que um dia nessa mesma almofada iria encontrar um pouco de sal da noite passada com o seu marinheiro de sonhos.

domingo, 26 de abril de 2009

Viajante sem mala nem mapa

Divagar no puro sentimento como navio no imenso mar.
No vaguear da noite encontra-se o verdadeiro sentimento, absorvido pela raiz dos sonhos. O corpo cansado, do dia recordado nesta noite cerrada, que se sente a claridade. A valsa dos sonhos é então dançada, com os acordes do coração.
É então, que os sonhos começam a comandar a vida como criança que pula com balões na mão. Na ausência de vozes, de barulhos excessivos e do ruído de todos os dias que se ama a quietude das coisas, o som do vento, o vagar do mar, o fim da tarde, o torpor do poente.
Do imenso terraço onde não chegam vozes e o silêncio se estende sobre as coisas, vê-se o infinito. Um mundo de luz e sombras que se desvanece até ninguém poder dizer onde acaba a terra e começa o céu.
É um viajar no tempo, onde o tempo nem sequer tem horas. É um viajar sem mapa, procurando o desconhecido sentido, destino.
Uma fuga desenfreada e uma pressa incompreensível, desatada numa correria. Um medo como veia dilatada, aparece depois da coragem de se levantarem. Ter a certeza de alguma coisa é extremamente impossível. Tudo é possível e tudo é permitido, tudo sucede em alternância. Abre se a porta para a viagem, decifrando a matéria que é mais do que matéria, a que chamamos corpo. E querendo acreditar na voz que nos canta às escuras até adormecermos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Tranquilidade do final da tarde

Derramar da alma no desembruxar da onda
Planície de areia
Com ervas rasteiras num voo ritmado
Onde o vento quebra ligações.
Uma espera contínua
Pela primeira estrela, reflectida
No luar como sol no mar
Reflexo de espelho
Perfumado de natureza rara.
Um ir e vir
Sem hesitação
Arrastando areias
Cintilantes
À procura de novos caminhos.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Por favor, o teu «para sempre» diferente de todos os outros

Não é um ano, nem dois ou três
Não quero este tipo de para sempre
Para sempre, que aparece no inicio
Mas nunca vem num final
É um para sempre das tuas palavras
Por favor, o teu para sempre.

Todos perdem muito tempo
Às voltas na cidade
Deixando voar os seus para sempre
Mas eu não quero que isso me aconteça
E agora espero poder encontra-lo em ti
É um para sempre das tuas palavras
Por favor, o teu para sempre.

Como um relógio sem ponteiros
Infinito tempo
Para sempre, sempre aparece no início
Mas nunca vem no final.
É um para sempre das tuas palavras

Por favor, o teu para sempre.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Hora de ponta com colisão de corpos

Alguns ainda deixam seus carros amarrados ao cais deixando-se levar pelas linhas cinzentas onde o metro percorre dias sem conta.
Desenho as alçadas do teu corpo entre os carris.
Outros preferem a condução do próprio veículo, esquecendo-se da condução dos seus sentimentos.
Cumprir os acabamentos teus de aço polido no meu alcatrão duro. É um ir atrás, deixando tudo a monte e depois arrasar a terra, planar e planear. É abraçar-te sem ninguém perceber quando passarmos entre gentes, despercebidos. E iluminar as linhas cinzentas e indígenas do nosso metro.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

o tempo errado dos amores

Sonhos de criança no bolso da bata aos quadradinhos.
Correria nos recreios, princesa e príncipe nos jogos da escola.
Cartas amorosas escondidas.

Sonhos na palma da mão, como se fosse balões presos por fios de prata.
Criança pequena sem desejo de o ser, com meia dúzia de sonhos tolos na mão
Descoberta do paralelismo entre o choro e o sal.

Criança cresce, suas mãos também e há uma maior capacidade para
segurar os sonhos.
Desejado pela criança nascida, indesejada para crescidos.

É uma descoberta do coração mais pequeno para os sonhos e maior para os medos.
Sonhos deixam de ser balões.
Desejo dos sonhos de novo na bata aos quadradinhos.
A pergunta ficará,
Como é que a criança com a sua mão tão pequena segura muitos mais sonhos que a vossa?

Silêncio como resposta, só provocará sorriso triste à criança que já esteve em vós e
estará…

Ela estará sempre a acreditar que entre o correr silencioso de uma lágrima, podemos sempre encher mais balões.

terça-feira, 7 de abril de 2009

amor...

"...fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor. eu sei exactamente o que é o amor. o amor é saber que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer. o amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte de nós que não é nossa. o amor é sermos fracos. o amor é ter medo e querer morrer..."

J.P

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Menina tradição

A dança da roupa com o vento perfuma o recanto com o sabão tão natural da minha infância. Degrau a degrau é uma doméstica correria. Com o “pico pico maçarico quem te deu tamanho o bico” nas lembranças do meu Minho e a cafeteira com café ainda a ferver molho o biscoito e numa trinca saboreio a nossa senhora florescente e muitas fotografias a preto e branco ao lado da prateleira.
Em cima da mesa está uma única peça de roupa, amarelada de tanto tingir, para mais tarde remendar. Talvez depois de um final feliz da telenovela que aquece as rugas de tardes inteiras a cavar e a semear em cada estação vinda.
Num corococó, vindo de lá de fora da minha infância, acordo e fujo sem ninguém dar conta. Consome-me já uma saudade melancólica da tradição que existe à minha volta, como a falta que se sente de alguém que se sabe que se vai perder, mesmo ainda não o tendo, de facto, perdido e ainda o tendo nos braços.

Quando sorris os teus olhos parecem infinitos campos verdes

O pôr-do-sol aproximava-se como naquele dia que ficamos sentados à sua espera. Aquela hora do dia era tão perfumada tão reflectida. Parávamos e contemplávamos o reflexo da nossa felicidade. Beijavas-me, abraçavas-me e tornávamo-nos únicos. Entre os últimos raios que conseguiam ultrapassar a linha do horizonte eu olhava para ti. A beleza dos teus olhos fechados, das tuas pestanas negras e compridas, não cabe nas palavras.
Estava a olhar para o reflexo em que dias meus cobriram a minha pele em mil sóis.
No meu quarto a janela está semiaberta à espera de um clarão na escura madrugada. Acordo muitas noites com barulhos, vindos de lá de fora, imagino a tua subida pelas grades acima. Depois de uma espreitadela vejo um gato a virar a esquina. E as estrelas caem e vão para a gaveta. E os monstros escondem-se no meu armário.
Como numa historia de encantar, eu deixo a janela aberta à espera que o príncipe entre e me prometa felicidade para sempre. "Porque é que nas histórias de Príncipes e Princesas nunca contam o medo que ambos sentem com a possibilidade de se perderem?"

Mil e um beijos quero de ti. Deita-te a meu lado, rasguemos a noite com os nossos corpos. Nem os lírios têm olhos tão doces, afagarei os teus com os meus dedos, e adormeceremos na certeza da perfeição.

domingo, 5 de abril de 2009

Sinto-me fria


Afastaste-te de mim
e levaste o sol contigo

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A rainha e a corte real aplaudiu, adorou... mas eu só quero o meu troféu de volta


Pesquisando como serei, sozinha, a rainha do meu coração. Ontem, no meu sonho, encontrei o bom amor. E o meu coração pegou fogo como uma casa, onde o bombeiro corre para o apagar. No sonho, foi o mágico que socorreu e apagou as chamas vermelhas. O troféu que eu fiz para nós de pele de animal e ouro foi vendido, caiu em mãos erradas. E todo o homem que o tocou achou um paraíso na terra.
Paraíso é um sentimento que eu sinto nos teus braços.
Eu desejo o nosso troféu de volta. Não para vender, mas para colocar no meu coração e ambos podermos admirar.
Photograph: Sarah Lee

domingo, 29 de março de 2009

o amor entre almofadas

Foram muitas as vezes que me disses-te: os teus olhos são como o oceano. Sempre acreditei. Acreditei porque ao teu lado tudo é possível.

A felicidade tem a temperatura do teu colo. A chuva a fechar a noite, os cobertores a aquecerem-nos o coração. A tua mão no meu cabelo. O mar podia entrar agora pelo chão da sala, invadir o sofá, que nem assim eu acordaria.

sábado, 28 de março de 2009

Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo


Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado

Imagem: Sebastien Maziére

Poema: Ruy Belo

domingo, 15 de março de 2009

Quando as personagens ganham vida

Na noite quente de inícios de primavera, a janela do quarto semiaberta deixa entrar ares que beijam a minha face. Descubro a vida das personagens das minhas histórias de encantar. É nestas noites que consigo sentir o coração deles a bater, os seus medos e anseios. Deixam de ser meros produtos da imaginação, eles ganham vida própria como bolhas de sabão que se desprendem do criador e alçam vôo na atmosfera, até que estouram e desaparecem, como ocorre com o final de um livro.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Tiradas pelas ruas e ruelas da minha existência

Era fim do dia e nas ruas estreitas, onde as casas seguram o céu, as caras de sempre têm dias sorridentes e outros sisudos porque dias felizes e tristes, todos têm. Em todas as calçadas da vila as sombras estavam reflectidas. É a percorrer todos estes caminhos que vejo os céus a apagarem-se à minha passagem. É nos sonhos, quando me sento naquela esquina á direita da ruela, que descubro o avesso do mundo. Procurando um lado mais puro.
Ao longe, as aves rodopiam num símbolo de amor e vão de encontro com as nuvens. Eu estou ali mas ando a vaguear por outros pontos do globo, ao mesmo tempo; ninguém mais sabe.
Sou feita de sonhos que flutuam pelo ar, nada mais tenho para fazer de chão. Nestas caminhadas, entre ruas e ruelas agarro cada um deles e mil risadas no ar. Eu relembro, alguns vaguei-os onde a rua terminava numa porta mais alta que as árvores ao fundo dum beco. Sentada no chão, sentia-me como quando era muito pequena e não sabia o caminho para casa.
Vivo com vontade de devorar todas as parcelas da vida e confesso o meu medo de entregar o mundo que sempre quis salvar. O arrependimento senta-se comigo na cadeira de verga, fazendo-me sentir velha como aquelas que fumam cigarrilhas e relembram o passado ao sabor da nostalgia.
É no olhar para o céu que eu me reencontro, é a maré vaza que leva toda a minha tristeza, é devagar que me deixo planar no vazio da noite até tudo acalmar ao meu redor.
Guardo os dias no meu peito, agarro a vida nos braços, desamarro a solidão e vou de encontro com os sentidos.

quarta-feira, 4 de março de 2009

« não penses que a poesia, é só a caligrafia num perfeito alinhamento, as rimas são, assim como o coração.»

Deixando que o vento te leve, sem destino, Gaivota. Sobrevoando territórios conhecidos, girando, subindo e descendo. Melodias, sabor a maresia. Bailando suave, pensamento tranquilizado. Vago com espuma branca da onda enrolada na paixão e no pensamento. Perigo, barco à deriva. Cautela, barco ancorado. Vida sem destino.
Limite do infinito, horizonte de linha imaginável. Incansável aos bravíssimos marinheiros, indiscutível aos pensadores apaixonados.
Medonha vida, sempre questionável, interrogada. Bravos e bravíssimos os risonhos desta vida. Tranquilizados pelas gotas caídas, desfeitos pelas tempestades vindas.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Para vocês, que um dia já foram meus amigos.

- Não a consigo compreender. Ela sem dúvida que não era assim. O que será que se passa?
- Deixa-a em paz, ela saberá o que anda a fazer. Um dia quando precisar de nós eu já não vou estar aqui.
- Oh não digas isso. Eu gostava de a perceber.
- Não sejas tão ingénua, quando precisas dela, ela não está aqui, quem está? Eu. Por isso dá-me atenção a mim. E deixa-a no seu mundo.
- Talvez tenhas razão.


Os vossos diálogos nada me dizem. Não vivo no meu mundo como podem pensar, simplesmente só me dou a conhecer a quem se dá a conhecer a mim.
Outra realidade que o sonho despertou. Os outros podem ser melhores, mas eu cá saberei distinguir-me do rebanho. Acordar, vestir e caminhar até ao cubículo que nos ensinam alguma coisa para o nosso futuro. Bater o pé, bufar, respirar fundo e ter cara de frete, sempre á espera que a campainha toque, não é sem dúvida para mim. Serei muito mais que uma adolescente na carteira á espera que alguém a desperte. Eu despertei por mim. Não me olhem como estranha, como ridícula. Porque o rebanho é que é ridículo, é o único que não consegue sobreviver feliz nesta sociedade. O amanha pode não existir, por isso não vale de nada deixar as coisas para depois.
E no meu dia-a-dia, basta olhar para o lado para ver grupos de pessoas com códigos de barra, à espera que o amanha seja melhor que o de hoje. É por isso que me afasto de vocês, não tenho paciência para ser amanha. Quando se joga pelo seguro, como vocês, ser mal visto, nunca acontecerá. Serão sempre os bonzinhos que estão ali. Não arranjam confusão nem desarrumação na vossa mente. Mas, como existe sempre um mas, não serão certamente vocês. Não terão opinião ou naturalmente a vossa opinião será condescendente. Digam o que têm a dizer, os que vos aplaudirem vão vos achar lideres. O ser normal já ninguém suporta, retirem a vossa mascara e não joguem pelo seguro. Quem disse que sermos nós próprios não magoa os outros?
Se nasci, não é para lutar por um futuro melhor, não é para ser médica, ter dinheiro e ser o que a família espera de mim. Se nasci, é para lutar pelo hoje, é para trabalhar no que quero, o dinheiro virá depois como recompensa da minha luta pela felicidade e nasci para ser o que eu espero de mim.
E a vocês, que um dia já foram meus amigos, não se esqueçam que estão a fazer parte do rebanho.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A escrita dos meus dias

Uma folha com linhas azuis à espera de ser utilizada. Mas sempre que as palavras escritas não têm qualquer significância são esquecidas e absorvidas e a folha continua branca.
As palavras são teias de letras, todas têm um significado. Contudo nem sempre conseguem abandonar o nosso interior e permanecem amarradas como parasitas.
Escrevo todos os dias que passam, transformo a realidade, o presente em futuro, o passado em presente, transformo a minha realidade em histórias que me deixam sonhar e conhecer a pessoa que sou. Escrevo não para contar a minha vivencia mas para ir para o mundo imaginável, onde posso ser quem eu quiser. Posso-me abstrair do mundo exterior e sorrir. Sonhar mais uma vez. Para mim as palavras são muito mais que palavras, conseguem ser o transporte que me leva para o tal mundo imaginado onde eu sou a rainha da minha felicidade, onde consigo conhecer o interior dos meus olhos azuis. E por isso escrevo e continuarei a escrever… continuarei a sonhar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

«But on and on From the moment I wake...»

Rodeio de pessoas, rodeio de multidão. Unida pelos braços de amigos, unida pelos inimigos. O começo de uma carta por vezes é difícil mas escolher destinatário torna-se mais complicado. Quando a multidão nos agarra pelos braços ficamos aglomerados pela solidão.
Ao fundo da rua, no virar da esquina à esquerda a noite é fria. A noite é fria quando não encontramos a mão amiga. A noite é vazia quando o calor passa a não ser humano. Torna-se longa e sem caminho e as estrelas confundem-se com poeira e dor. A almofada torna-se o único recanto onde as lágrimas se evaporam, onde o coração descansa, onde o sono aparece entre o recto e o oblíquo do nosso peito.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A dança que dá energia para amanhã acordar

Barreira selada entre gestos de dança
A dança codificada entre ritmos
Será impossível alguém acompanhar e agarrar.

O espaço está desocupado e livre
Basta deslizar o pé e rodar a anca
Quebrar o silêncio com ritmos
Será impossível alguém atingir este patamar.

Suor quente e húmido escorre
Raiava e vontade de chorar é lançada num movimento de dança
O sorriso predominara, só vos deixando de pé atrás.

Corpo usado para movimentos improvisados
Acompanhada pelo compasso da musica envolvendo a expressão de sentimentos
Dança, escrever com o corpo
Alongar-se, encolher-se,
Rodopiar,
Inclinar.
Dançar, tocar música com gestos, com os pés
Mãos cintilantes que escrevem versos no ar…
Rosto parece cheio de luz
E não revela os sofrimentos
Nem os cansaços…

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A viagem que um dia me tornou rei da selva e da minha própria vida...

Era o pior dia da sua vida, não conseguia definir o seu estado. Como nunca lhe tinha ocorrido que um dia poderia ter que estar nesta despedida. Nunca desejou que este dia chegasse, talvez seja esta a razão. Enquanto era criança acreditava numa família, desejava-a. Passeava pela sua comunidade enquanto idealizava o seu futuro. Queria ter um filho, ensina-lo a caçar, ensinar a religião da vida, ensina-lo a sorrir e a ser o rei da sua própria vida. Mas hoje ela foi obrigada, a largar o seu filho pelas correntes do rio. Aperto no coração, sentimento de mãe.
Decidiu faze-lo ao por do sol, longe de toda a sua comunidade. Colocou-o numa cesta enquanto dormia, cobriu-o com amor, conforto e bem-estar, fazendo-o sentir-se amado e compreendido.
Ela era uma boa mãe, “comunicava poeticamente com o seu bebé”.
Sentia-se cada vez mais incompleta, enquanto via seu filho desaparecer, entre correntes, foi levado, até ficar numa margem fria, mas ao mesmo tempo sossegada.
Os elefantes todos os dias costumavam deslocar-se até ao rio mais próximo. Hoje, assim o fizeram. Uma fêmea encontrou o cesto e com a sua enorme tromba o agarrou. A tromba do elefante serve para sentir cheiros, defender-se, absorver a água, transportar alimentos, mas também serve para acariciar. Não compreendeu, mas sentiu o desespero da mãe que o largou nas águas á espera que alguém o encontrasse e lhe mostrasse o quanto a vida pode ser boa.
A criança cresceu na manada, dormia agarrada à sua mãe elefante e caminhava pela floresta em cima dela. Sentia se feliz com a sua família. Quando os seres humanos andavam á caça ele tentava protege-los e quando algum era atingido ele sofria como se lhe tivessem atingido o seu próprio coração.


Todos os dias ela ia refrescar-se ao riacho. Sempre á espera de um sentimento de paz, de um conforto, de aconchego, de uma energia que a fizesse acreditar que ele hoje seria o rei da selva ou o rei da sua vida.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Serei(a) unicamente do mar

Mar que afoga nas suas ondas, recolhe num abraço e leva ao colo como de criança.

Cumplicidade de maresia, identidade como respiração de brisa marinha e a agitação das ondas enrola cabelos em algas mais profundas. Resgata devagarinho suave mar, beija ligeiramente as curvas do corpo. Deixa-me ser totalmente tua, deixa-me pertencer a esse teu mundo salino. Recupera as mágoas e transforma-as em felicidades, canta aquele canto molhado e lindo, num vai e vem (des)conhecido.

sábado, 24 de janeiro de 2009

« Livre e verde a água ondula, Graça que não modula, O sonho de ninguém »

"(...)criarei um dia puro livre como o vento e repetido como o florir das ondas ordenadas."
O ar está quente a areia está a suar. Estamos descalços e a roupa é suave. O meu vestido cheio de cores solta-se no meu corpo e danço. As ondas quebram sem pedir licença e o jambé toca. Os olhares são de relance e despercebidos. Todos dançam sem pensar no amanhã, o segredo é deixar ser levado pela música. O som entra e não se pode deixar que ele desapareça, deixa-se que o corpo contorne as notas de música e refresca-se com um mergulho profundo. A mente é revigorada. O corpo perfeito que deambula como se tratasse de ramos de arvores verdes ao sabor do vento. Com esta delicadeza, a sublime faculdade de percorrer as notas musicas que nos leva a imaginar pedaços de vida irreais. O inacabamento do colar de missangas completa-se com o ritmo de timbais e do por de sol. Pessoas improvisam as notas e o som flui. Ao fim de algum tempo entende-se que não se conhecem. É mesmo assim, basta teres um jambé e entras no nosso mundo. Sentimento êxtase, completamente absorvidos. Vagueando ao sabor das brisas.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Caminho das almas

Era uma estrada onde o seu fim era inalcançável. Almas amarguradas caminhavam sem nenhum destino planeado. Cabeças rebaixadas num corpo desprotegido caminhavam sem saber qual a sua direcção. O caminho era estreito para tantas almas despedaçadas.
Era um prédio com uma universalidade de janelas inimaginável, cada uma com uma vida para ser descoberta. A noite aproximava-se e era fundamental que alguém acendesse a luz de cada uma. As almas necessitavam muito mais que um brilho vindo da luminosidade, era a hora de acordarem e rejuvenescerem.
Era uma menina que atravessava todos os dias a rua da vida com o almoço guardado. Ninguém sabia o que ela guardava dentro de si. Usando o mesmo vestido de à dias, ela escondia as feridas com linho e seda. As conversas divagavam, mas ela nada perguntava. Era difícil perceber a dor por de trás de uma mascara. Aguentar uma tempestade secreta.
À chuva e ao vento ela permaneceu, tornando-se forte como uma pedra, num mundo onde já não consegue revigorar. Os seus sonhos deram lhe assas para alcançar um lugar onde seria amada.
Menina de cabeça rebaixada, corpo desprotegido, alma despedaçada, coração partido que o mundo esqueceu...
volta.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Os estados do silêncio

Eu vi quando ela escreveu o nome dele e o seu número de telefone no mês de Janeiro, na sua agenda. Chamaram ao momento, despedida. Mas todo o mês de Janeiro o seu silêncio falava nele.
Foi no mês de Fevereiro que ela se arrastou na despedida, como caranguejo na maré vazia. Construiu caminhos, pontes e navios. Nada disto ele viu, nada disto lhe contou, nada disto era dele. Reconstruiu o banco de cal que tinha no seu jardim para contemplar o céu numa noitada onde a lua pousaria á noite. Que erro cometeu, todas essas noites recordava em silêncio aquele fim de tarde. Estavam os dois deitados na cama nus e tinham acabado de fazer amor. Um silêncio instalava-se, tão familiar, tão intimo, tão intenso, mais intenso do que tudo o resto. O silêncio de hoje era diferente, cinzento, aéreo, triste e desesperado. O silêncio colora-se de todas as infinitas tonalidades das nossas vidas.
No Outono, do ano passado, quando os pores de sol eram mais bonitos ela ia falar mesmo quando o sol ia atravessar a linha do horizonte. Com delicadeza ele colocou o indicador na boca. Que gesto bonito, o indicador sobe os lábios, usado desde a mais tenra idade.
E arrancou a página da sua agenda onde tinha o nome dele e o seu número. Veio a seguir Março e com ele apareceu a primavera. Viu os passarinhos saírem dos seus ninhos, reconstruiu melodias e viu aparecer as primeiras flores. Contemplou os dias ficarem mais longos e o sol mais radiante. E nada disto, jurou, ser dele.

“E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.”

sábado, 10 de janeiro de 2009

Onda curiosa

É no mar alto que nascem as ondas, lá muito longe das praias. Um leve toque de vento e logo erguem cabeças curiosas. Mas é em terra que brincam, é em terra que aprendem a saltar pelos rochedos e a escorregar pelos areias.
Certa vez nasceu uma onda mais atrevida. Saltava mais alto, corria mais longe, trepava aos rochedos escarpados e era sempre a última a voltar para o mar.
Um dia, ajudada pelo vento a onda curiosa subiu mais, muito mais do que o costume e ficou por instantes suspensa no ar, pasmada com tudo o que via. Lá adiante, onde o areal se espraiava, havia crianças que brincavam num mar sereno como não se lembrava de alguma vez ter notado.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

«Mendigo dos meus olhos, porque tens medos, revela-me os teus segredos e não escondas essa face de mistério...»

Costumava-o encontrar na rua do costume, quando os ponteiros do meu relógio se juntavam e era essa a hora que dividia o dia entre manhã e tarde. Eu ficava a vê-lo vaguear pela rua, observava o supermercado e ao mesmo tempo o caixote do lixo. Chamavam-no morador de rua, mendigo e até sem abrigo. Eu gostava de o tratar por cidadão. Olhavam-no como se fosse um corpo estranho no caminho. E com todos aqueles olhares intimidadores da sociedade até eu ficava amedrontada, que vontade tinha de expressar a minha opinião. Um cidadão como os outros, com os seus direitos, direito de utilizar os espaços públicos, de deambular nas ruas, de se sentar nos parques, de abordar e falar aos passeantes, ou de se sentar tranquilamente num estabelecimento para tomar um café.
Ficava a vê-lo desaparecer rua abaixo, a desejar que existisse alguma alma, em alguma parte do mundo, capaz de o consolar.
Senti o meu corpo necessitar de alimento e não hesitei em entrar no supermercado. Toneladas de alimento estavam ao meu dispor e outras mais dentro do armazém à espera de um lugar na prateleira. Com tanta comida à nossa volta parece mesmo impossível que exista pessoas a morrer à fome, mas esquecemo-nos que para entrar naquele supermercado necessitamos de uma senha a que chamamos dinheiro.
A fome passou-me e reparei que não se tratava de fome mas uma vontade de comer. Sentei-me num banco do jardim e reparei no hospital que estava bem ao longe. Perguntei-me a mim mesma o que me aconteceria se partisse uma perna. Alguém iria chamar uma ambulância, que me transportaria até ao hospital onde seria tratada por um médico que estudou toda a sua vida para tratar corpos partidos. Seriam simpáticos comigo e se tivesse que ficar internada seria visitada pela minha família. Agora, porque é que as pessoas com problemas cerebrais vão ser tratadas de maneira diferente. As causas dos sem abrigo são disfunções cerebrais. Quer se trate de um caso de maníaco depressão, esquizofrenia, alcoolismo, comportamento anti-social, falta de gestão financeira, o problema está dentro do cérebro da pessoa. Ajudar a recuperar este mau funcionamento do cérebro levaria a uma diminuição de ‘moradores de rua’.
Mas não fazemos isso. Quando vemos um ‘mendigo’ o que acabamos por fazer? Lançar olhares intimidadores?


Perdi-lhe o rasto no dia que esta calçada deixou de me pregar partidas.
"Renasces nos becos, nas ruas
Alimentas-te da solidão e da esperança
Teus sonhos são escassos
Tua vida é inútil, aos olhos dos que não te entendem
Tua imagem reflecte-se
Nos rios da cidade
Nas sombras das esquinas e
Nos bancos solitários"

sábado, 3 de janeiro de 2009

«She walked by the ocean, And waited for a star, To carry her away...»

Quando chegamos a casa e sentimos que perdemos um ombro amigo, a vida passa a ser feita em noite, mesmo para quem tem medo do escuro. Dias a caminhar descalça por chãos alcatifados de estrelas desapareceu. Aquele sol que brilhava no azul imaginário desapareceu, e ninguém me conseguiu mostrar a magia de um dia chuvoso. Comigo tenho sempre o arco-íris ao pescoço, destoa no meio de tanta escuridão, contudo eu ainda acredito que me poderá aquecer. E, quando o ombro amigo desaparece, a única maneira de acreditar nos dias é abrir a minha caixa de recordações. Uma pilha de cartas, que guardo desde sempre, existe uma no meio de tantas, especial. Sempre que a releio, recordo-me como se fosse hoje a chegar ás minhas mãos, entre desejos, sonhos e idealizações. É uma recordação tocável do meu amor imaginário. Como é estranho, sempre que a releio, parece que ele está aqui tão perto, a dizer-me aquelas palavras, a fazer-me aquelas perguntas, a desejar tanto aquele abraço.
Mas em dias como este em que não temos o ombro amigo e que parece que o sol não despertou para nos dar um dia feliz, apetece-me ter uma voz doce a dizer baixinho ao meu ouvido:
Shhhh… não tenhas medo do escuro. No escuro também estão as tuas fadas, as tuas magias, só que como em todo o lado as luzes também se apagam e todos precisamos de descansar. (Eu sei que tu não sabes, mas as fadas, as magias e mesmo os teus sonhos, também precisam de dormir). Fecha os olhos e descansa. Relembra o sorriso dos teus amigos. Aprecia o amor tão forte que quase se toca. Sente-o a fazer-te festinhas nos dedos dos teus pés, enquanto adormeces.
Deita fora o coração machucado e pinta um novo, ainda mais bonito. E acredita mesmo que amanha acordes sem ter os lábios dele nos teus, a mão dele na tua, vais ter uma noite feliz.
"Rosie, como with me. Close your eyes... and dream."

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Essência

O mundo sucumbiu. Mas não penses que eu vou ficar desorientada. Eu sei bem andar em cima dos entulhos. Como eu sei curar as feridas que ardem. Por vezes parece que o tempo não chega, para quem quer descobrir a essência das coisas. É raro, alguém sentir que o tempo corre depressa quando esta num centro de pesquisas. As pessoas estão habituadas a ficar pela superficialidade da matéria. Não estou disposta a sentir que não pesquisei o essencial para apresentar as minhas teses com argumentos válidos. Tenciono conseguir sustentar os meus pontos de vista, apesar de muitas pessoas confundirem argumentar com discutir, não se trata disso, são palavras completamente antónimas. Quantas pessoas já me mandaram calar, a dizer que era inútil e desagradável, talvez por não entenderem que argumentar não é discutir. Discutir podemos dizer que se trata de uma discussão verbal enquanto argumentar é oferecer dados favoráveis a uma questão.

Deixa-me argumentar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Só quero...

Eu quero. Quero respirar o ar puro, nem que seja o da rua. Quero descobrir o mundo, com a mochila ás costas. Quero um festival. Quero abanar a cabeça num concerto de rock e estalar os dedos num de jazz. Quero uma fogueira e uma guitarra na praia. Quero um mergulho no oceano e nunca mais voltar. Quero fazer o que me apetece sem dedos a apontar. Quero beber cores esquisitas. Quero dançar música pimpa com um/a desconhecido/a. Quero rir e chorar. Quero acampar contigo. Quero cantar, quero gritar. Quero tossir de alegria e contagiar o mundo inteiro. Quero baloiçar na cadeira. Quero as cinco da manha e o sol a rasgar. Quero pulseiras e desejos. Quero areia e conchas para colocar no bolso. Quero fotografar os meus pés. Quero-me. Quero-te. Quero-o/a. Quero-vos. Só quero,




coragem.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vive o presente e alcançarás a felicidade

Vivemos rodeados de pessoa que lutam todos os dias por atingir cargos profissionais cada vez mais elevados, nem que para isso seja necessário empurrar o adversário. Diria que chegamos a certas a alturas que parece que vivemos num ringue de boxe. É uma sociedade que reafirma a frase, cada um por si, mostrando com ela uma ganância. É a procura individualista pelo lugar ao sol.
Depois de um dia de trabalho e de limparem a sua dupla personalidade, olham ao espelho e desejam a felicidade. Uns lembram-se de tempos passados e de como eram felizes, outros imaginam que se fossem desta forma ou daquela conseguiriam atingir a felicidade, outros recordam as suas desgraças, choram por perdas e esquecem-se que todos temos dessas desgraças. Todos estamos cheios de mortes, de erros cometidos, mas estas pessoas dedicam-se a relembrar continuadamente essas circunstâncias. Ainda existem outros que olham o espelho, pensando que depois do curso acabar, depois de fazerem aquilo e aquilo vão atingir o mais esperado. Esquecendo-se que nunca serão felizes porque quando alcançarem o que realmente queriam existirá sempre outras coisas incansáveis.
Enquanto perdes o teu tempo a desejar a felicidade, eu vivo mesmo ao teu lado, e tu ainda não deste conta.
Talvez procures a magia em locais mais longes, sem olhar, nem que seja uma única vez, à tua volta. Eu estou aqui mesmo ao teu lado e tu nem sabes que eu existo. Se calhar para ti é algo sem importância. Deves-me considerar uma pessoa oca, sem objectivos a atingir, sem argumentos válidos para ser feliz. Mas ao contrário de ti, eu preocupo-me contigo. E sei que estás mesmo do outro lado da parede do meu quarto. Na verdade partilhamos a mesma parede, chego por vezes a tocar nela para te sentir, perto de mim.
Vivo mesmo ao teu lado, não sei como ainda não deste conta.
Os domingos são passados em família, todos cooperam nas tarefas, e dou por mim a ver-te sorrir. Muitas vezes parece que também olhas para mim, eu desvio o olhar, mas depois reparo que tinha sido uma ilusão. Esta ilusão que me acontece muitas vezes, enganando o meu cérebro, deixando o meu inconsciente confuso por alguns instantes fazendo com que este capte ideias falsas e preencha espaços vazios.
A tua vida é agitada e muito ocupada. Existem noites, que espero que feches a porta do teu quarto para te sentir a deitar, mesmo aqui ao lado. Esta noite é uma delas, e ainda estou à tua espera, espero ansiosamente que feches a porta, e que me deixes mais uma noite imaginar todos os teus passos, todos os teus sonhos.
Anseio pelo dia que te vou poder ensinar que a felicidade pode estar mesmo do outro lado da parede e de nada vale andarmos por aí a desanimar, correndo desesperadamente para a encontrar.
A felicidade consiste em dar valor a cada momento presente, um sorriso de um ser querido, uma palavra de um amigo amável, uma comida deliciosa, um por do sol fantástico... Aí esta a felicidade, não é nas grandes coisas.
Se qualquer aspecto do passado ou do futuro condiciona nosso presente, que é o único que existe, então nós estamos equivocando da raiz e perderemos o presente. Temos que recordar o passado, já que nele reside nossa experiência, e temos que prever o futuro, mas sempre sem condicionar o presente.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vagueando...

Vagueando pelas ruelas da minha aldeia, que me viu crescer. Fechada num escuro rasgão que me fere a placidez. Não existe luminosidade que alcance a minha vista, abençoando os meus passos e os meus sentimentos. A intelectualidade das mentes fere-me. E o mundo, em geral, também. Infectado de protocolos regidos pela pobreza de espírito.
Para onde caminho eu, que trilho optarei neste mundo, onde tocar no céu já não chega.
Devaneando sozinha pelos caminhos estreitos, pessoas ultrapassam a minha magia, rodeadas de interrogações. Pensativas, sem encontrar a resposta, estranha mas obvia, por me encontrar sozinha. Cercada por apáticos e indiferentes não quero estar. Os obstáculos desta sociedade são sublimes, futilidades, banalidades e indolência. Aprisionam-me como um cordão umbilical, a luta por não ser alimentada por todas estas farsas, é grandiosa.
Magia encontro nas madrugadas quando atalho entre caminhos, estarão eles vazios, mas sempre com um toque particular que os torna únicos. Sou feliz quando encontro a minha identidade e sei que ás vezes é necessário uma chuva que afogue o mar que me olha, todos os dias, cheio de fragmentos do que fui e deixei.

Entrem no mundo da fotografia


Sites onde podem encontrar fotografias da minha autoria.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O passar do tempo

Que melancolia de vida... um autocarro com três pessoas, estarão tristes e vazias? A pensar em nada e em tudo ao mesmo tempo? No passado, no futuro ou mesmo no presente da vida. Serei um intruso deste autocarro ou serão eles?
Depois de uma travagem, uma pessoa entra com mais energia. Não consigo entender o seu discurso, mas tento. Resmunga com o condutor. Talvez seja por este ir distraído e o fez esquecer que tinha gente na paragem á sua espera. Eu carrego no stop, para abandonar esta rotina e deparo-me com a senhora, que eu até a conheço de infância, apesar desta já não me reconhecer, sim é verdade cresci e já não sou aquela menina pequenina que pulava a todos os minutos, tenta dialogar comigo dizendo "com a pressa com que o condutor vai, vais atrasa-lo". Ri-se e eu também esboço um sorriso, sorriso este natural... já chega e abandono o autocarro percorrendo as ruelas, olhando para a direita e para a esquerda, de vez em quando para trás... Até chegar ao meu refúgio, onde ninguém me pode encontrar.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Aos demais...

Eu não me lembro quando eu era, quando o jogo acabou. Não faço ideia quando a minha vida começou a correr rapidamente. Quando o coração sentiu picos de rosas e quando tudo começou a voar sem ter asas. E agora que começo a entender as regras, parece que tudo é mais difícil.
Se eu deixasse o meu coração sentir, hoje ele estaria despedaçado. Seguir em frente é uma coisa fácil, o difícil é o que deixar para trás.
O sono já não sente mais dor e a vida está cicatrizada.

Prazeres violentos e emoções fortes

Dias em que sentir parece tão fácil, outros em que sentir faz doer. Dias em que sentir só te deixa triste e confuso, dias que pensas que nada é para sentir uma vez que tudo é uma farsa e sentimento nem existe. É simplesmente uma invenção nossa, para conseguirmos sentir o coração palpitar mais forte. Já alguém dizia que sentir as emoções só provoca uma forte angústia. Teremos pois de ser indiferentes às paixões e à dor. Aproveitando o dia como se fosse o único esquecendo que existe futuro e que existiu passado. Neste mundo a nossa única certeza é que vida é efémera e que acabamos por morrer, então porque continuar a sofrer a cada minuto que passa? Assim, se não queremos sofrer mais, resta-nos recusar os prazeres violentos e as emoções fortes que mais tarde só nos levaram a uma tragédia. A questão é, será que alguém esta disposto a isso, a recusar um forte palpitar do coração, um friozinho no estômago a favor da tranquilidade? Será que a vida é para ser observada e não para ser vivida?
O homem está pois preso na sua própria condição.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

" Gato que brincas na rua...

invejo a sorte que é tua, porque nem sorte se chama..."
Sentimento este que se transforma como uma montanha russa, tanto está lá em cima a racionalizar afirmando que tudo corre bem e que o caminho é sempre em frente, como está cá em baixo, a parte psicológica, o medo, o anseio, a vontade de te encontrar e não o conseguir.
Já alguém dizia " Exprimir-se é dizer o que não se sente", mas hoje eu gostava de te ouvir, gostava de te conhecer, gostava de te encontrar.
Relembra-me. Relembra-te. Relembra-nos. Recorda o álbum que completamos, esfolheia cada momento teu, meu, nosso.Vive e não desesperes pelo passado. O passado já foi escrito, agora preocupa-te com o presente. Com hoje, não com o ontem nem com o amanhã. Qual a definição do mundo? Tu completas ou destróis a tua vida. Nem hoje nem nunca é dia de desistir, lança as cartas e joga.

Ó gato que passeias na tua rua, na tua alegre inconsciência. Deixa-me ser assim como tu. Deixa-me ter a minha alegre inconsciência e a consciência disso. Seria eu então mais feliz.


..."És feliz porque és assim, Todo o nada que és é teu. Eu vejo-me e estou sem mim, conheço-me e não sou eu."

sábado, 6 de setembro de 2008

«A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade…»

A nuvem tapou o sol sem demoras como já soubesse o caminho que teria de percorrer. Deixou cair gotas de água como entendesse o ritual. Parece que cada uma conhece o caminho a perseguir, o caminho a descobrir. Uma e mais uma cai no jardim, outra e mais outra cai em cima da folha verde. Aquela parece que tinha o destino de cair na terra deixando ser sugada pela raiz e conhecer o interior de mais uma vida.
Uma caiu em mim. Será que era esse o destino ou foi um sopro de vento que lhe alterou o caminho. A vida tem destas coisas troca-nos os planos sem sequer pedir, sem perguntar a que é que tem direito. Sem lhe importar o que nos faz sentir.
Abracei o nada e dancei ao som do violino do teu coração. Senti a frescura do momento, o vestido molhado e rodei. Rodei com as primeiras folhas que caem da árvore, como olham com entusiasmo. Também a arvore me quer acompanhar então desprende os seus ramos e deixa-se contaminar pelo momento. Hoje pela primeira vez não se chateia com o vento e com a chuva e dança ao som do violino. A rua está deserta, fria, molhada e triste para os olhos comuns, mas para mim todo o momento está acompanhado com a tua música, que me faz mais um vez esticar os braços, levantar a cabeça e rodar. Experimenta a felicidade quem saboreia de olhos fechados e de braços abertos gira ao sabor do vento como um moinho. Vou deixar a chuva morar na minha janela e dançar ao seu ritmo, guardando cada gota da vida, dando asas a uma respiração desamarrada.
E tu gota que estás no chão a reflectir o meu rosto. Serás feliz?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mas de quê? De rasgar o peito. Com quê? De morrer com a paixão.

São tantos os dias que espero derrubar silêncios e marés. È muito tempo a desejar o tempo, desejando quem és. É tão funda a toca que te escondes tem a distância entre o silêncio e a voz. A vida vai caminhando e descascando momentos até chegar a nós.
Olhei o horizonte e realizei uma viagem sem sair do meu lugar. Desenhei uma ponte até ao outro lado onde pudesse perder o peso dos dias que fica agarrado á pele.
A vida é tão vazia e apressada, os dias são tão tristes se te esqueceres de viver, agarra o mundo com as tuas mãos e acende todos aqueles momentos onde se esconde os teus sentidos. Não te preocupes se errares, faz parte sermos um pouco perdidos, faz parte corrermos atrás dos sentidos, faz parte começarmos de novo, se perderes o caminho de certeza que o vais encontrar nos perdidos e achados.
Agarras a minha mão com a tua dizendo que me estás a salvar. De quê? De viver o perigo. De quê? De rasgar o peito. Com quê? De morrer com a paixão. De quê? Se o que mata mais é não ver o vento soprar o coração.
Agarras a tua vida com as tuas mãos bem fechadas e esqueces-te que ás vezes quando não existe chão, nem rede debaixo de nós a queda é maior. E tens que as abrir. Nesses dias pedes-me para te salvar. De quê? De sentir o coração acelerado. De quê? De sentir as lágrimas do coração. Com quê? Com o amor. De quê? Se o que mata mais é não sentir os momentos é não saber se o nosso coração ainda está vivo.
Abraça-me bem.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Abandono e desamores

São tantas as imagens terríveis que nos são indiferentes. Lágrimas derramadas na poeira do dia, abandono e desamores. Tantas pessoas deitadas no chão á espera de uma mão, á espera de um carinho, são tantos os medos. Tristezas cravadas no fundo do peito, sem ninguém que os abrace, sem ninguém que os leve antes da escuridão.
Então eu olho para ti quando adormeces, desenho a tua mão em mim a forma do teu corpo em mim, assim em paz. Como seria bom se o mundo fosse assim.
Batalhas perdidas, armas descarregadas, há corpos caídos no chão frio, sem ninguém que os arranque, sem ninguém que estanque.
Então eu desenho-te em mim. Assim em paz.

sábado, 16 de agosto de 2008

"E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz existe a tua voz"

Procuro amor verdadeiro, amor sem desejo. Leve brisa, minha mão tocou. Sentimento puro me despertou. As tuas costas com a minha mão. Movimento de dedos activou e os teus traços percorri.
Leve luz me impulsionou, um olhar provocou. Uma nuvem tapou, sentimento de culpa avistou.
Maresia cheirou, os meus lábios te tocou.
Fim da tarde avistou, homem racional voltou, com perguntas despropositadas me desfez...

Silêncio quebrado.

Sonho. Não sei quem sou neste momento.

"Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém."

Fernando Pessoa, 6-1-1923

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Se o molho diminuir muito, junte um pouco de água.

Acordei a pensar ter sonhado alguma coisa.

Os livros estão no chão abertos em páginas, deixando-se ler e perceber. Libertam as suas palavras ao vento, esperando que as mensagens sejam lidas, interiorizadas e exteriorizadas. Anseiam provar emoções e sentimentos. Desejam inspirar grandes ou pequenas... reacções.
Passo a mão entre os nós do meu cabelo. Que raio, aqui está tudo num meio-termo, não são caracóis nem deixam de ser, não é noite nem dia, não existem sins nem nãos. Uma prisão de mais ou menos, está tudo num centro que nem é centro, é tudo e é nada.
A cama está desfeita, um lençol branco no chão, amarrotado, espalhado. O telemóvel num canto á espera que lhe dê vida. Mas hoje ele vai acabar por se desligar sozinho.
A roupa que me cobre o corpo, vai caindo pelos quatro cantos. Deixo a água escorrer pelo meu corpo. E bebo um pouco de água.

Hoje sonhei qualquer coisa. Mas esqueci-me.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

All of my memories....

Bloqueio a minha mente conseguindo passar pela multidão sem os ver, sem os ouvir. O semáforo está vermelho tentando controlar o tráfego. O carro vermelho parado numa fila intensa buzina num tom agudo que me perturba a imaginação.


Procuro incessantemente na gaveta das recordações o dia em que te conheci. Procuro pistas que me levem a saber o porque de te ter deixado tocar-me. A gaveta tem desejos, descobertas, risos, lágrimas, tem os dias idealizados e dias que me levaram a ti.
Descubro, por fim, um resquício difuso do dia em que nos encontrámos pela primeira vez. Recordo, aquele abraço ao som do mar, que concretizou a sombra mais bonita de alguma vez, mas não deixo que me bloqueie a mente uma vez mais. A sombra de hoje é só minha, pode não ser tão bonita para os demais, mas para mim esta sombra tornou-se única, descobri que nela está a união e a simplicidade. Palavras que tu soubes-te quebrar.
Nunca me cruzei contigo depois do último olhar, depois da tua rejeição. Mesmo tendo a sensação que a recordação de tudo que senti contigo vai aparecer, talvez até um desejo de sentir os teus braços. Mesmo que paremos, de novo, frente a frente, para tentar uma vez mais, temos um problema. O semáforo ficou vermelho para sempre.


O carro vermelho arrancou no semáforo verde. E eu continuei no passeio reconstruindo o bloqueio da mente.


All of my memories keep you near.
Your silent whispers, silent tears.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

«E eram os brancos da sombra nascidos do mar pelas naus, Guiados pelos ventos do céu e pelo voo das aves.»

“Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Acordei com o barulho da chuva. Tinha a janela aberta da noite quente que estava. Espreguicei-me. Enrolei-me no lençol e olhei para o telemóvel. Podia ser que naquela noite te lembrasses de mim, mas pareceu que não, a caixa de correio estava vazia.
Levantei-me e senti a brisa matinal. Apreciei o cinzento do céu, do mar e a transparência das gotas de chuva. Pensava em ti.
Com um chá quente na mão, sentada na pedra do jardim abrigada da chuva, a brisa caminhou até mim enroscando-se por detrás do pescoço conseguindo levantar o meu cabelo. Arrepiei-me.
Apesar da chuva o dia não estava frio. E fui passear pela areia molhada, moldei as minhas pegadas que mais tarde o mar as levou. Parece que as guardou como se fosse um segredo só nosso e mais ninguém tivesse o direito de as apreciar. Notei que não foram só as minhas que ele guardou. As pegadas de um pardal que pousou também foram levadas, entre correntes, marés e maresias.

"Um eléctrico cheio
Uma voz de permeio vai chover
Bate forte a saudade
Como é grande vontade de te ver"

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Um amor como o do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

«Murmurações: Onde já se viu uma coisa igual? Uma andorinha, da raça volátil das andorinhas, namorando com um gato, da raça dos felinos?»

Amor aquele que percorreu todas as estações do ano num curto espaço de tempo. A primavera, conseguiu de nós sorrisos de felicidade e consegui ler uma história de amor. Para ser sincera o Verão foi curto, passou depressa. É sempre rápido o tempo da felicidade. Digamos que o Tempo é um ser difícil, dias em que foge às pressas e outros que escoa moroso.
Outono chegou mais cedo do que esperava. Rompendo a nossa união. E a alegria deu lugar à tristeza.
Luto todos os dias para o Inverno não chegar. Não quero ter a confirmação que o nosso amor é impossível.
"Pata com pato, pomba com pombo, cadela com cão, galinha com galo, andorinha com ave, gato com gato." Será esta a lei da vida? (Não a queres quebrar?)
E o que sinto por ti, será mesmo amor impossível?


“O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha”

domingo, 20 de julho de 2008

« como a queda dum sorriso p'lo canto triste da boca, neste vazio impreciso só a loucura me toca. »

Amanheceu com neblina matinal. Desprotegida compreendi que te tinha perdido o rasto e a cidade tornou-se vaga. Com pessoas com belos sorrisos, mas mortas, com recordações que bóiam no rio Lima.
«Esperei por ti todas as horas. Frágil sombra olhando o cais. Mas mais triste que as demoras. É saber que não vens mais.»


Costumava mandar-lhe uma mensagem de 'Bom dia’, à espera de um convite. Só quando ele queria ter a certeza que não ficaria em casa, quando ele não queria largar o nosso encontro ás mãos do acaso, a mensagem chegava brilhante e esplêndida. E as bolas de cristal ocupavam o lugar dos meus olhos.
Caminhava sozinha entre ruelas e avenidas para conseguir alcançar o momento de te ver sentado de costas, como uma criança a pensar no seu mundo ideal. Quando me via abraçava-me. Ele era 'grande' e os seus braços abrangiam o meu corpo por inteiro e enterrava a minha cara em seu peito. Como era bom sentir-me protegida.
Dava-me a mão para atravessar aquela corrente, aquele tumulto de gente. Gostava de ouvir o mar, apreciar a brisa despertar e sentir a areia. Por isso era para onde caminhávamos, entre conversas. Ele falava muito, era uma alma solitária, repleta de misticismo, com uma vontade gigante de exacerbar toda a complexidade do mundo. A mim, só me competia a tarefa de o ouvir e deixar descansar.
Enquanto o sol hesitava entre acompanhar-nos ou deixar-nos, despertávamos sentimentos, riamos e chegávamos a chorar.
Deitados na areia, com os olhos fechados, sentíamos a respiração um do outro. E quando os abria dava com ele a olhar para mim. "És linda..."

Perdi-lhe o rasto, hoje sou eu que estou sentada de costas como uma criança a pensar num mundo ideal.

"Nunca deixei de te ouvir"

"Nunca deixei de te ouvir,
murmuras-me como a água do mar,
oiço-te na noite,
durante os dias.
Tens o sabor da água salgada
és como um farol longínquo
de luz dispersa na névoa.
Eu, ainda mergulho em ti
faço-me à areia e olho-te de perto
és como um sopro de espuma salgada
que me acaricia a pele e solta o teu sabor
de praia ao luar d'uma noite quente,
e às escuras há um caminho em mim
sempre para ti."
Rui Miguel S F
Posso despertar o riso ou o escárnio, ser de pouco valor. Insignificante.
Mas tu nunca irás saber.

sábado, 19 de julho de 2008

9,8,7,6,5,4,3,2,1

Mergulho no mar e acredito que posso ser feliz.





Quando apareceres já mergulhei. E nunca mais me vais encontrar.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Procurei por ti no forte

Alguma coisa me fez acreditar que te podia encontrar no forte. Chegaste a dizer que era fácil atravessar as correntes do oceano, contudo eu achava impossível. Hoje acreditei na tua palavra e atirei-me para a água salgada, deixei de lado a teoria e caminhei até á prática. Lembrei-me das técnicas que me ensinaste para lá chegar e cheguei. Como era bonito ver os nossos locais noutra perspectiva. Mas, naquele momento isso não importava, encontrar-te era o meu ideal. Corri á volta do forte á tua procura. Quando o frio me contagiou, sentei-me na areia molhada e pensei: talvez se fizesse uma fogueira e tivesse uns morangos com chocolate tu aparecesses.
Lá estava eu mais a fogueira, os morangos mas sem ti.
Não sei se estiveste lá, adormeci com a solidão naquele confortável clima.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Pegadas apagadas

Os locais continuam no mesmo sitio, o sol continua a brilhar, o mar continua com aquela liberdade que nos dava conversa durante o dia, os passaros continuam a cantar e a pousar na areia como se nao tivesse acontecido nada.
Ninguem se lembra de nada, ninguem sabe de nada, secalhar tudo passou de um sonho e eu hoje acordei e reparei que não estavas aqui.
Corri até á praia para encontrar as nossas pegadas, mas não encontrei. Deitei-me na areia, fechei os olhos e lembrei-me do momento. Acreditei que quando abri-se tu estavas deitado a olhar para mim. Senti algo ao meu lado e depressa abri os olhos e reparei que era o pardal.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ao lado da tua liberdade

Manda-me um sinal que eu estou á tua espera. Espero por ti como o sol espera pela lua e a lua pelo sol. Voa como um pardal. Ao lado da tua liberdade eu quero viver, arrancar todos as ervas daninhas, que aparecem em momentos indesejados.
Viver sem viver. Amar sem amar.
O olhar desviou-se para ver tudo que nunca viu. Amigos com direito e sem direito de te ter sempre.
Momentos, sentimentos, desejos e sonhos. Eu marcho sozinha neste mundo mas tu já me disseste que ias marchar ao meu lado.
Se quiseres compartilhar as tuas asas eu nunca as vou cortar. Porque é isso que te faz alcançar as nuvens. Se hoje tu quiseres desaparecer eu te peço para me arrancares a raiz. Eu te peço.

terça-feira, 17 de junho de 2008

TrituraDOR(a)

A rotina contagiou-nos. Encheu-nos de vazios e fomos submergindo a palavra. Acabamos por explodir em pura balbúrdia.
Desejo-te sorte e amor. Parte para o esquecimento, porque eu já parti.
Queima. Queima o céu e a dor. Queima o meu espírito. Queima o amor e a luz.
Sai um demónio, um grito, um inferno, manicómio. Veemência e pratos partidos. Sangra o céu e a dor. Sangra o meu espírito. Sangra o amor e a luz.
Sangra. Queima as queimaduras claras. Queima a dor. Queima o céu e o amor.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Almas solitárias

Estive a noite toda á tua espera sentada sobre a tela mais bonita que alguma vez alguém conseguiu pintar. A brisa tocou-me e fez os meus cabelos sentirem a liberdade de estarem soltos. Olhei o esplêndido e infinito céu, onde as estrelas, brilhantes e luzidias, pedem para encantar as almas solitárias que olham esperando que algo caia do céu. Depois, pedem desejos especiais conseguindo encontrar o seu olhar. No seu coração fluíram emoções nunca antes sonhadas. De repente, há um trovão que acorda o coração destas almas solitárias que ficam de novo sós.

domingo, 15 de junho de 2008

A tua cor


Procurei o teu arco-íris e saltei de cor em cor.
Encontrei o azul e pensei em pintar o teu céu, soltei uma lágrima salgada e completei o mar. Deparei-me com o violeta e abracei-o. Encontrei nele sinceridade, dignidade, prosperidade e respeito. Mas perdi a esperança e não cheguei ao verde.
Observei o amarelo que despertou em mim a tua leveza, descontracção, optimismo e a tua alegria. Deixei-o sufocar-me. E perdi o sonho quando fiquei no roxo.
Segui a tristeza do anil. E lembrei-me no laranja da tua espontaneidade, tolerância e gentileza.

sábado, 14 de junho de 2008

Vou ao fim do Mundo

Procuro por ti em todos os recantos do Mundo. Percorro o teu cheiro e o som do teu sorriso. Quando vejo o sol a deitar-se, a lua a levantar-se desespero por ainda não te ter encontrado.
Dentro de mim tu brilhas mais que qualquer estrela no universo e assim eu posso vaguear pela escuridão.
Imagino o teu sorriso, a tua forma de falar, o teu cheiro numa breve história de encantar.
Não consigo parar de te imaginar por isso vou caminhar até ao fim do mundo para tocar no teu fundo. E ninguém mais me vai tirar-te de mim.
Ao relembrar-me de tudo isto é completamente impossível esquecer-me de ti.
Vou ao fim do Mundo. Ao fim ao cabo do teu ser.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Boiar ao som das ondas do mar

Estava triste. Mas não me apeteceu telefonar-te.
Tentei esquecer mas não consegui e afoguei-me na almofada. As palavras, são todas as mesmas, "Gosto de ti" escreve-se sempre da mesma maneira. E já nada faz a diferença.
Sonhar e ir ter contigo era o que me apetecia.
Consegues ver-me?
Não chores porque se não eu também choro e não consigo ver o teu brilhante sorriso. Lembra-te simplesmente de nós a boiar ao som das ondas do mar de mãos dadas a olhar para o infinito. Esquece tudo o resto á volta, todos os outros sentimentos que eu possa sentir, neste mundo diferente do teu. Eu sei que este sentimento supera qualquer furacão e sempre saberei.
Espera por mim porque eu vou deixar neste mundo a minha marca e depois vou ter contigo para ter um beijo de boa noite.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

360

Quantas vezes ficamos agarrados ao passado, presos a momentos inesquecíveis. Sempre a olhar para trás presos a um passado que pesou. Abrir a porta para um novo mundo é o passo seguinte, o mundo gira e não espera por ti.
Só quero que não te esqueças que o que te ensinei não vais encontrar em livros ou noutros corpos sem direcção. Não encontras encaixe tão complexo. E depois do mundo girar, a noite passar e tudo acabar eu vou estar aqui.
Foste tu que fizeste o meu mundo desandar e girar mas hoje eu sigo em frente. E eu senti que a estrela brilhou e nada me vai parar.
Sem me arrepender vou continuar, seguindo a vida a reverenciar o som do mar vou na certeza que o sol me vai guiar.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Não precisavamos...

Sentimentos, palavras e lágrimas. Sentimentos confusos, palavras sem significado e lágrimas de desespero.
Tu olhas e eu olho. Tu sentes e eu sinto. Minutos inesquecíveis permanecem na minha memória que me recorda a tua pessoa.
Como entendo aquele teu olhar triste e sincero. Como gosto do teu efémero sorriso, e o efémero brilho nos teus olhos.
E sinto a brisa que nos afasta e o olhar que nos une.
Por vezes tenho flashes que me dizem o que fazer mas depois tudo muda e tudo se desfaz como se fosse o melhor que pudesse acontecer.
Demora tempo para compreender que o teu calor esta a desaparecer. Demora tempo para perceberes que estou do teu lado. Mas eu não te posso soletrar todos os meus sentimentos, todos os meus olhares, todos os meus gritos.
E se tu compreendesse o que compreendi nós nunca precisaríamos de perguntar se...

domingo, 13 de abril de 2008

Combatente sobrevivente

O que não me mata fortalece-me.
E nunca quis ser igual a todo o rebanho. E quero viver como um combatente. Sou um sobrevivente sem ser fabricado em série e desde sempre tudo era razão para sonhar. Controlava o que pensava e marchava na ilusão. Hoje estar vivo é ser combatente. Vivemos num mundo completamente descontrolado onde tudo é fabricado.
Sou um combatente e ninguém me vai parar. Sou um combatente sobrevivente.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Salvaste-me

E eu estava próximo do abismo, tinha a alma destroçada, sentia-me perdida e que não podia seguir. E tu salvaste-me do inferno antes do dia nascer. Quando eu não queria nada tu fixes-te com que quisesse e salvaste-me do inferno.
Mudas-te a minha maneira de pensar recordando a alegria e eu alcancei a liberdade.
Obrigada por chegares a mim, por me amares assim e por estares aqui, não sei o que tinha sido sem ti.
Tu salvaste-me antes do dia nascer.

Recordações

Lua diz porque me olhas sempre desta maneira. Eu nunca te consigo abraçar. E tu só me fazes relembrar que te perdi e nada consigo ocultar. E eu recordo todos os nossos momentos.
Já percorri todos os cantos do mundo, mas tu estás sempre a acompanhar-me.
Como te desenraizar do céu para me soltar deste sentimento?
E olho o céu e lá estás tu. Como posso eu desapegar-te do céu?
Lua porque me olhas desse modo todas as noites? Já fui ao fundo mar, já me desfiz de todos as recordações e tu continuas aí a olhar para mim.

Liberdade de borboleta

E tu és como uma borboleta a voar neste céu imenso. Voas com toda a liberdade que possuis. E eu olho para ti, como uma criança olha para a borboleta, completamente espantada. Como é espantoso a tua leveza e simplicidade, parece que aproveitas todos os minutos possíveis. E eu fico todos os minutos a observar-te mas o mais espantoso é que não sinto que estou a perder tempo mas sim a ganhar.
Pousas numa flor com todo o teu cuidado e pensas no momento, mas algo que quebre o momento, tu acordas e voltas a voar.
Quando me viste pela primeira vez, fui algo que quebrou o teu momento e fugis-te de mim. Mas eu continuei ali, á tua espera e hoje tu sabes que eu já pertenço ao teu momento e aproximas-te de mim. Os teus olhos poisam em mim como a borboleta numa flor e não consigo impedir-me de corar.

domingo, 6 de abril de 2008

Ler, pensar e escrever

Quando leio, sublinho as palavras que me levam a ti. As que me fazem pensar nas nossas mãos entrelaças com todo o sentido. Escrevo só com as palavras essenciais para a tua compreensão. Gosto do sentido olfacto para conseguir cheirar a tua pele, o sentido tacto existe para sentir as tuas costas, a tua cara e os teus braços. A minha audição só é apurada para conseguir descodificar os teus sussurros no meu ouvido e o paladar para reconhecer o teu gosto. E como o sabor não tem só a ver com o gosto, mas também com o aroma do que se tem na boca, eu procuro sempre ter o aroma natural, para te poder saborear melhor.

sábado, 15 de março de 2008

Uma folha que cai da árvore

Hoje o meu coração poderia ser verdadeiro. Sem ser um daqueles que aparecem nos postais do dia de São Valentim. Poderia acreditar em todos os sentimentos que ele me faz sentir ser uma pessoa viva e não morta.
Mas por vezes sinto-me como uma folha que cai da árvore e que depois de uma breve liberdade entre o vento e o céu cai no chão e é pisada por todas as pessoas.
Da minha janela ás vezes não consigo ver o horizonte e o céu, mas vejo sempre a estrada. E sei que um dia quando o meu coração for verdadeiro será essa a estrada que me leva a ti. Porque mesmo sentindo-me ferrugem e gravidade acredito que um dia te vou encontrar e ser feliz.
Onde quer que estejas espera por mim, que eu vou encontrar-te.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Agulha no palheiro

Para conseguir permanecer neste mundo só peço um ridiculamente pequeno e ínfimo, quase invisível e inexistente pedaço de algo. De carinho, um pouco de atenção, uma palavra amiga sem ser necessário pedir, uma mão que me afague o cabelo e me mime quando estou triste. Não quero mais, não preciso de mais, um pouquinho de tudo é o essencial para mim. Afinal de contas quanto mais se tem menos valor se dá.
E aquele carinho que é como encontrar uma agulha no palheiro, sabe muito melhor do que aquele que se encontra ridiculamente aos nossos pés.
Todos os dias que o sol nasce, eu procuro a agulha entre os dez milhões de fios de palha. Mesmo com as leis da probabilidade contra mim, eu insisto e insisto. Uma probabilidade em dez milhões é uma probabilidade e eu não desisto.
Com o passar do tempo, o sol vai mudando de posição e pode ser que a agulha brilhe e consiga ver algo que não vi antes.
Mas será que por outro lado esteja a pedir demais, e em vez da agulha que penso que procuro, esteja a correr atrás de um alfinete de pedras preciosas, permanecendo para sempre no limiar dos sonhos impossíveis, sempre longe demais para que a minha mão o consiga alcançar... De qualquer forma, um sonho é um sonho, e tanto faz sonhar com muito como com pouco, o objectivo é o mesmo, realiza-lo, a motivação é igual, a palavra sonho tem as mesmas letras de todas as vezes que a usamos e o que marca a diferença é a vontade com que nos esforçamos, a persistência com que tentamos e a forma como avançamos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Simplesmente simples

E bastou pouco tempo para perceber que não eras igual ás outras pessoas. Eras um simples por do sol, uma simples nuvem, um simples pássaro, uma simples pessoa. Com defeitos, qualidades mas simplesmente simples. O que me fascinou.
Para ti não importava de quem era a culpa, de quem foi, com quem foi, simplesmente importavas-te com a verdade. Achavam te estranho, um ser estúpido, que não aproveitava a vida. Achavam isso porque não entendiam a tua forma simples de aproveitar cada momento intenso e simples.
Mas eu aqui escondida no meu mundo entendo-te, como entendo a dança do mar, o cheiro do vento e a beleza da chuva a cair.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O som do violino

Hoje...
Um romper do sol, uma neblina matinal e um violino a tocar.
Um gesto, um sentimento e um sorriso.
Uma lágrima, um grito e um abraço.
Um vestido, uma musica e uma leve dança.
Um traço, uma tela e um quadro.
Um olhar, uma paixão e um beijo.
Poesia no mais pleno infinito e lua no azul mais bonito. Beleza na arte surreal, como já mais vi.
Hoje descobri que as notas que nascem do violino não são notas mas sim lágrimas perdidas num soluço imenso, um soluço cósmico que só as cordas do violino sabem captar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Não existe amanhã

Estávamos nós a passear pela praia, depois de uma grande chuvada. As ondas tocavam na areia com simplicidade e cautela. O frio penetrava em todos os sítios possíveis e nós sentíamo-lo. As nossas pegadas ficavam gravadas na areia por momentos até a onda as levar. Olhávamos de relance um para o outro como se sentíssemos que éramos tudo um para o outro, mas ninguém tinha a coragem de transmitir o verdadeiro sentimento. E o silêncio era a nossa escolha. O sol, escondido entre nuvens, rasgou para nos mostrar um bonito pôr-do-sol. E será que alguém teve a coragem de olhar para ele? Algo mais forte disse, que amanha ele estaria ali para nos dar um melhor pôr-do-sol, para que servia olhar hoje para ele?! E foi isso que aconteceu, não conheço o teu cheiro, o teu cabelo macio, as tuas palavras e os teus sentimentos. Porque pensei que existiria um amanha para fazer isso. Abraça-me agora, porque o amanhã não existe.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Espécie de slide


Tenho os pés a sangrar de tanto percorrer á sua procura. Mergulhei numa onda que rebentou na areia e procurei-o. Subi a montanha, entre pedras, silvas, chuva e tempestade, mas ele não estava. Então corri até conseguir apanhar o comboio, mas ele já tinha passado e não voltava. Pensei em todos os locais onde o poderia encontrar, mas em nenhum ele estava. Cansada sem forças para continuar, parei e pensei em todos os momentos marcantes da minha vida, estavam a passar numa espécie de slide na minha cabeça. Sentada no chão peguei numa pedra e deixei-lhe uma mensagem. Agora resta a ele procurá-la e descobrir onde estou.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

"A ambição cerra o coração"

"A ambição cerra o coração", torna-nos fechados para os outros. Nem sequer conseguimos receber um simples raio de sol. Estamos voltados para nós próprios, preocupados com o nosso ego, à espera de conseguirmos atingir o que ambicionamos e nada de bom entra no nosso coração, porque ele permanece fechado a sete-chaves para a humanidade.
Não olhamos a meios para atingir o fim. A ambição consegue tornar-nos frios, cegos e sem coração, que nos torna incapazes de pensarmos.
Por isso tu que estas a ler, no teu dia a dia controla a ambição, não podemos nem devemos fechar o coração para o que nos rodeia. Temos de estar abertos para dar e receber só assim conseguiremos lutar.



“A ambição e a felicidade seguem estradas tão opostas que nunca podem encontrar-se.” (Daniel Dubay).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Tudo se transforma

Estava sentada na borda de uma nuvem quando tu me chamas-te.
Era uma vez uma menina que adorava trepar as árvores, mas principalmente aquele carvalho grande que ficava no cantinho do mundo. Adorava ficar no seu último galho, dava-lhe liberdade e dali conseguia ver o por do sol. Só ela conhecia aquele lugar e só ela tinha uma árvore amiga. Ria, chorava, sentia o coração a bater, sentia a dor mais profunda, ouvia o canto dos passarinho, e pensava nele. Era como se aquele lugar fosse algo mais do que um lugar. Simplicidade era o que se encontrava mais.
Ele não a conhecia sendo uma pessoa assim. Só a conhecia no seu dia-a-dia, rodeada de pessoas que tapam os olhos com uns simples óculos, pessoas que não têm coragem de mostrar o que realmente são. E quando ele a viu, sentada no carvalho a olhar o por do sol, descalça a sentir as veias da arvore, tudo se transformou em amor. Como Lavoisier disse: tudo se transforma.
Aquele amor não se criou como não se perdeu, transformou-se.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

No dicionário, procurei por ti

Eu vivo num cenário imaginário e
percorro-o devagar, com medo de falhar
no caminho que te posso encontrar.
Quando o dia-a-dia foge á regra
a imaginação ultrapassa a escuridão,
caímos na realidade quando levamos com um encontrão.
Fico sentada no chão rodeada de multidão.
Quando observo a multidão e não te encontro,
encontro em mim a solidão.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Como um avião de papel

Encontravas-te numa ponta e ela noutra, cruzaram experiências mas de nada serviram no momento. Sorriram, trocaram olhares, mas não passou disso.
Para casa ela trouxe a tua personagem que lhe fez sentir com o coração cheio e vazio. Compreendes esta antítese? Dias, meses, anos passaram e hoje ela sentiu-te pela primeira vez. Um olhar, um toque, um gesto sem planos nem projectos. Um sentimento sem definição mas puro e intenso que não precisa de provas nem palavras.
O vosso sentimento pode ser como um avião de papel não é tão compacto como um verdadeiro, mas tem a sua beleza e a sua generosidade. É um amor de papel, frágil e opaco, leve e branco, feito de ideias, de sonhos, de esperança e de muitas cores.
E o vosso sentimento é de papel e se um dia se transformar em qualquer outra coisa, será sempre numa outra forma de amor, porque o papel vem das árvores, mas o amor vem do amor e nunca morre, mesmo depois de cortado, prensado e transformado, porque amor é como plantar uma semente e tu já plantaste a tua.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Um novo jogo... pediu ela!

E tu deste-lhe as cartas para a mão. E trocaram olhares.
Bom jogo? Perguntaste-lhe. Encolheu os ombros e viajou sem conseguir pensar no que tinha na mão e no que estava a acontecer.
Uma viagem normal pensava ela, mas hoje não foi assim porque tu estavas na viagem e interrogações foram postas em jogo.
Conheces aquele sentimento confuso quando á troca de olhares e não sabes nada ainda, mas intuis, intuis com os teus sentidos, com o teu corpo e às vezes com o teu coração que aquela pessoa pode ter qualquer coisa para te dar, que não sabes o que é, mas sabes que um dia vais descobrir?
Talvez tu deste-lhe as cartas como umas cartas comuns, mas ela não o interpretou assim. E será que algum dia ela vai olhar para as cartas e dizer: o jogo está ganho?
Uma vontade grande a atormenta de estar contigo a saborear um chá num dia frio com as estrelas a darem luz ao momento.
E como escrever é a melhor forma de falar sem ser interrompido, e sem rodeios, quando quiseres vai ter com ela, vai rir do mundo e adormecer nos seus braços, abrir o teu coração e sonhar acordado, vai ter com ela hoje, porque eu sei que ela vai querer novo jogo e hoje vai ser compatível com o teu. Porque o que sentimos não é uma farsa e a amizade é o amor sem preço e sem prazo de validade.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Tu ainda podes escolher!

- Pobre miserável… não tens nada. Já olhaste para o teu aspecto? – disse ao “mendigo” o individuo que passava na rua.
- Meu amigo, eu podia ter patentes, dinheiro, poder… tudo isso. Mas depois disso podia não me ter a mim próprio.
O homem sério, incomodado, ripostou:
- Falas, como se isso te desse para comprares um carro para te deslocares, ou um tecto onde dormires.
- Amigo – disse – Não tenho carro, mas tenho dois pés e duas pernas que me ajudam a percorrer o caminho. E quando durmo tenho o mais belo tecto que qualquer homem pode desejar: as estrelas.
- Não és ninguém. Vives na rua, como um animal. – disse arrogante.
- Sim, como um tigre vive na savana e tu como um tigre que vive no circo. O tigre da savana tem de correr atrás da presa, enquanto o do circo é alimentado todos os dias pelo tratador. O primeiro é livre, escolhe o seu destino, enquanto que o outro está preso e sujeito às ordens do seu tratador.
Nunca deixes que te tirem a força de seres tu próprio. Nunca desistas dos teus sonhos. Eu posso escolher o que vou fazer amanhã. Mas tu, já estás de tal forma dentro da rotina que não podes escolher.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Crossing-over

Tu és este ser pelo facto de possuíres 46 cromossomas, se possuísse 20 eras milho. Já reparas-te que um pequeno passo pode modificar muita coisa. Se não ocorre-se a meiose tu irias possuir 92 cromossomas o que serias?
Existem dias que necessito de uma anafase entre nós, mas noutros existe uma maior vontade da existência de um crossing-over. É optimo visualizar o nosso ponto de quiasma mas melhor que tudo isto é senti-lo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A história de um livro

Imagina a tua vida um livro. Tens o máximo de cuidado em tudo aquilo que escreves. Cada dia que passa é uma folha voltada, preenchida, acabada. Podes escrever nele a lápis, mas enganaste-te, apagas-te e a folha ficou amarrotada. Resolves arranca-la e escrever uma nova página. Mas quando tentas seguir o raciocínio da folha anterior reparas que já não faz qualquer lógica dando pela falta daquele que já não existe. Como este não é um livro qualquer ele só pode ser emprestado a alguém importante ou especial que saiba que não o pode tratar mal. Se uma folha se rasga, tentas repara-la mas sabes que a mesma ela não ficou. Ás vezes no meio de uma página reparamos que a tinta da caneta acabou mas mesmo assim a vida continuou quando uma nova caneta se comprou. Só não continuou do mesmo jeito mas esse é o grande defeito.
Um dia resolves levar o teu livro na mão e numa pequena distracção olhas para o lado e quando dás por ti o livro já está no chão. Baixaste para apanha-lo, mas alguém te deu um encontrão, pisou o livro e as folhas ficaram rasgadas muitas até arrancadas. O livro perdeu o sentido a vida sofreu um castigo.
E agora terás capacidade de começar um novo livro/uma nova vida?


(adaptado)

domingo, 28 de outubro de 2007

Sai do escuro, abre comportas e deixa-me entrar



Sentada na imensa areia com o mar á minha volta eu penso nos vários sentimentos que existem. Quanto mais o tempo passa mais o sentimento fica desvastado, fica um sentimento que não tem pernas nem braços para percorrer e abraçar.
Deixei as cartas na mesa á espera que tu as codificasses, mas isso não aconteceu por isso soltei a alma no vento entre os quartos de luar e hoje ainda espero que tu as codifiques á beira do sentimento. Terá amor o avesso da vida? Será calor o murmuro do frio? Haverá sonhos no fundo da dor?
Sai do escuro, abre comportas e deixa-me entrar é a minha única maneira de te voltar a encontrar.
Vai mais fundo persegue o mar e leva-me contigo. Volta a entrar nos sentimentos e torna-te na pessoa que eras sempre com uma opinião que fazia uma discussão. Hoje eu tenho saudades dessas discussões porque conhecia as tuas opiniões. Mas isso já não acontece, já não sei ser aquela pessoa que te consegue arrancar uma gargalhada.

domingo, 14 de outubro de 2007

Tão perto e tão longe de ti

Receio em esquecer-te. Esquecer o teu sorriso e a tua palavra.
Da maneira como o teu coração batia, do teu olhar, da tua simplicidade e serenidade. Da tua maneira de comunicar, do sabor da tua comida. E tenho medo, que tudo isto desapareça da minha recordação, afinal nunca mais vou estar contigo. Nunca mais vou ter novas recordações tuas, só estas que me resta e que todos os dias me completam e me fazem ficar mais perto de ti.
Hoje já não importa saber o porque de seres tu a desaparecer, já não importa saber o que correu mal e o que se podia ter feito de melhor para ti. Hoje importa não te esquecer e guardar para sempre o teu cheiro que me faz sentir tão perto e tão longe de ti.

sábado, 13 de outubro de 2007

Já fui as duas vertentes

Hoje sei que errei, que já estive triste e contente. Que perdi pessoas por não lutar, que ganhei pessoas a lutar. Que nem todos os dias são alegres mas que eles mais tarde ou mais cedo aparecem. Já perdoei coisas imperdoáveis, já julguei, já fui julgada. Apreciei a noite a ser completada pelo dia, vi a lua fugir e o sol aparecer.
Já te vi triste e contente, irritado e amável. Já ouvi o teu silêncio extraordinário e o teu silêncio incompreensível. Já passaram dias em que te pedi para te calares e outros para falares.
Dias em que ouvi o pássaro a cantar, a chuva a cair e tu a gritar. Por incrível que pareça já pisei e já fui pisada. Já tive medo de perder pessoas especiais e perdi-as. Saltei de felicidade e encostei-me de tristeza. Aprendi que nem todos os caminhos vão dar á felicidade, mas se não passarmos por eles nunca perceberemos a felicidade. Aprendi que nem sempre as histórias têm um final feliz, que todas são baseadas em indecisões e mistura de sentimentos… Aprendi que os amigos mais distantes são os mais verdadeiros. Por vezes parar para pensar é o maior erro, por isso luto por aquilo que acredito e por vezes por acontecimentos que parecem impossíveis.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Aurículas e Ventrículos todos temos

As coisas complicam-se quando pensamos que um pássaro pensa, que tem miolos e coração como nós. Mas a verdade é que só lhe resta o bico, as asas e as penas. Tudo ainda fica mais confuso quando descobrimos que não podemos subir as escadas até á lua. Pensamos tantos disparates que até imaginamos que tu podias ser eu e eu tu, porque na verdade temos os dois sentimentos, porque amo e sofro da mesma maneira que tu, porque se tirarmos uma fotografia ao coração ambos têm aurículas, ventrículos, nosso talvez seja maior que o habitual. Mas como não existem radiografias ao coração e se houver eu não as quero ver. Já viste se aquele de bata branca nos diz que o nosso coração de tão grande que é um dia pode rebentar no nosso peito, isso não seria agradável, pois não?
Um dia talvez vamos perceber que é óptimo viver no coração um do outro.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Vale a pena lutar

Gosto daqueles momentos onde me consigo abstrair de tudo á volta, apesar da sociedade não o deixar, eu tento. Hoje só pensam na formação de engenheiros e médicos, deixam para traz aqueles momentos necessários para que a critica não desapareça. Sim, nós jovens somos necessários no mundo, porque apresentamos criticas e lutamos por um mundo melhor. Na outra faixa etária já não se preocupam por mudar o mundo para melhor, preferem ficar encostados ao mundo, deixar que o tempo passe e não mostrar nenhuma raiva nem sofrimento. Mas se pensarmos, estas pessoas já passaram pela nossa idade, secalhar já lutaram e saíram derrotados, portanto acabaram assim sem nenhuma palavra. Será que nós vamos acabar assim. Mesmo que o sol desapareça vamos ficar calados sem mostrar nenhuma raiva nem sofrimento? Não podemos porque vale a pena lutar. A juventude não pode deixar para traz esta vontade de mudar o mundo, se não o que vai ser do futuro. Se não formos nós, ninguém vai fazer nada por ele. Somos nós, os próximos que temos de ensinar aos que vem a lutar. E quando chegar o dia em que perdermos a vontade de lutar por coisas melhores o melhor é fechar a tampa do caixão.



quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sentimento sem fundo

Será que isto tudo só acontece por ser a primeira semana? Ou será que esta é a melhor semana das nossas vidas e as que se seguem vão ser as piores?
Todos temos a nossa personalidade é a tua desculpa de todos os dias. A rotina entra em ti e destrói todos os nossos momentos, como é que deixas que isso aconteça? Como deixas que te dominem? Chamar-me egoísta é um bom principio, mas fecha os olhos e pensa em tudo que percorre ao nosso redor. Tenho a alma devastada de um sentimento sem fundo.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Nem um recado deixas-te

Entrei numa casa perdida e procurei-te. Os corredores estavam desertos, nem um gesto, nem uma palavra, nem um recado deixas-te. Continuei a espreitar por entre portas entre-abertas, encontrei um relógio na parede ao fundo, branca e suja. Um relogio pendurado no seu vagar, não parecendo ter dono, não será assim capaz está condenado a parar.
Um caminhar de medo que senti, encontrei um espelho onde consegui reparar na lágrima que percorria os meus traços faciais aqueles que tu sempre disseste que eram estraordinários. Lembrei-me de ti, de nós e do mar. O amor é como o mar pode ir e voltar, é um jogo de sorte entre o fraco e o forte. É como o mar vem buscar o que lhe foram roubar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Eu é que julguei

Ninguém disse que a gaivota queria as suas assas, que o mar queria a areia, que peixe queria a água, ninguém prometeu nada eu é que julguei.
Ninguém disse que os dias eram nossos, que os sorrisos permaneciam em nós, eu é que julguei que podia arrancar sempre um sorriso.
Ninguém disse que havia um lugar para ficarmos, ninguém prometeu nada.
Se pensarmos ninguém promete nada, nós é que andamos enganados neste pequeno lugar. Tudo o que se agarra já fugiu, é tudo tão fugaz e tão breve.