Eu vi quando ela escreveu o nome dele e o seu número de telefone no mês de Janeiro, na sua agenda. Chamaram ao momento, despedida. Mas todo o mês de Janeiro o seu silêncio falava nele.
Foi no mês de Fevereiro que ela se arrastou na despedida, como caranguejo na maré vazia. Construiu caminhos, pontes e navios. Nada disto ele viu, nada disto lhe contou, nada disto era dele. Reconstruiu o banco de cal que tinha no seu jardim para contemplar o céu numa noitada onde a lua pousaria á noite. Que erro cometeu, todas essas noites recordava em silêncio aquele fim de tarde. Estavam os dois deitados na cama nus e tinham acabado de fazer amor. Um silêncio instalava-se, tão familiar, tão intimo, tão intenso, mais intenso do que tudo o resto. O silêncio de hoje era diferente, cinzento, aéreo, triste e desesperado. O silêncio colora-se de todas as infinitas tonalidades das nossas vidas.
No Outono, do ano passado, quando os pores de sol eram mais bonitos ela ia falar mesmo quando o sol ia atravessar a linha do horizonte. Com delicadeza ele colocou o indicador na boca. Que gesto bonito, o indicador sobe os lábios, usado desde a mais tenra idade.
E arrancou a página da sua agenda onde tinha o nome dele e o seu número. Veio a seguir Março e com ele apareceu a primavera. Viu os passarinhos saírem dos seus ninhos, reconstruiu melodias e viu aparecer as primeiras flores. Contemplou os dias ficarem mais longos e o sol mais radiante. E nada disto, jurou, ser dele.
Foi no mês de Fevereiro que ela se arrastou na despedida, como caranguejo na maré vazia. Construiu caminhos, pontes e navios. Nada disto ele viu, nada disto lhe contou, nada disto era dele. Reconstruiu o banco de cal que tinha no seu jardim para contemplar o céu numa noitada onde a lua pousaria á noite. Que erro cometeu, todas essas noites recordava em silêncio aquele fim de tarde. Estavam os dois deitados na cama nus e tinham acabado de fazer amor. Um silêncio instalava-se, tão familiar, tão intimo, tão intenso, mais intenso do que tudo o resto. O silêncio de hoje era diferente, cinzento, aéreo, triste e desesperado. O silêncio colora-se de todas as infinitas tonalidades das nossas vidas.
No Outono, do ano passado, quando os pores de sol eram mais bonitos ela ia falar mesmo quando o sol ia atravessar a linha do horizonte. Com delicadeza ele colocou o indicador na boca. Que gesto bonito, o indicador sobe os lábios, usado desde a mais tenra idade.
E arrancou a página da sua agenda onde tinha o nome dele e o seu número. Veio a seguir Março e com ele apareceu a primavera. Viu os passarinhos saírem dos seus ninhos, reconstruiu melodias e viu aparecer as primeiras flores. Contemplou os dias ficarem mais longos e o sol mais radiante. E nada disto, jurou, ser dele.
“E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.”
2 comentários:
todos os silêncios e todas as despedidas são cinzentos e ainda mais intensos se se parecerem eternos e irremediáveis, como os buracos negros...
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porque mesmo quando todos os fins de tarde são bons e inesquecíveis a liberdade chama-nos e as correntes afectivas têm obrigatoriamente de se quebrar
Não é bem não escrever muito é escrever só quando acho que preciso . : )
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