"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Agulha no palheiro

Para conseguir permanecer neste mundo só peço um ridiculamente pequeno e ínfimo, quase invisível e inexistente pedaço de algo. De carinho, um pouco de atenção, uma palavra amiga sem ser necessário pedir, uma mão que me afague o cabelo e me mime quando estou triste. Não quero mais, não preciso de mais, um pouquinho de tudo é o essencial para mim. Afinal de contas quanto mais se tem menos valor se dá.
E aquele carinho que é como encontrar uma agulha no palheiro, sabe muito melhor do que aquele que se encontra ridiculamente aos nossos pés.
Todos os dias que o sol nasce, eu procuro a agulha entre os dez milhões de fios de palha. Mesmo com as leis da probabilidade contra mim, eu insisto e insisto. Uma probabilidade em dez milhões é uma probabilidade e eu não desisto.
Com o passar do tempo, o sol vai mudando de posição e pode ser que a agulha brilhe e consiga ver algo que não vi antes.
Mas será que por outro lado esteja a pedir demais, e em vez da agulha que penso que procuro, esteja a correr atrás de um alfinete de pedras preciosas, permanecendo para sempre no limiar dos sonhos impossíveis, sempre longe demais para que a minha mão o consiga alcançar... De qualquer forma, um sonho é um sonho, e tanto faz sonhar com muito como com pouco, o objectivo é o mesmo, realiza-lo, a motivação é igual, a palavra sonho tem as mesmas letras de todas as vezes que a usamos e o que marca a diferença é a vontade com que nos esforçamos, a persistência com que tentamos e a forma como avançamos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Simplesmente simples

E bastou pouco tempo para perceber que não eras igual ás outras pessoas. Eras um simples por do sol, uma simples nuvem, um simples pássaro, uma simples pessoa. Com defeitos, qualidades mas simplesmente simples. O que me fascinou.
Para ti não importava de quem era a culpa, de quem foi, com quem foi, simplesmente importavas-te com a verdade. Achavam te estranho, um ser estúpido, que não aproveitava a vida. Achavam isso porque não entendiam a tua forma simples de aproveitar cada momento intenso e simples.
Mas eu aqui escondida no meu mundo entendo-te, como entendo a dança do mar, o cheiro do vento e a beleza da chuva a cair.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O som do violino

Hoje...
Um romper do sol, uma neblina matinal e um violino a tocar.
Um gesto, um sentimento e um sorriso.
Uma lágrima, um grito e um abraço.
Um vestido, uma musica e uma leve dança.
Um traço, uma tela e um quadro.
Um olhar, uma paixão e um beijo.
Poesia no mais pleno infinito e lua no azul mais bonito. Beleza na arte surreal, como já mais vi.
Hoje descobri que as notas que nascem do violino não são notas mas sim lágrimas perdidas num soluço imenso, um soluço cósmico que só as cordas do violino sabem captar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Não existe amanhã

Estávamos nós a passear pela praia, depois de uma grande chuvada. As ondas tocavam na areia com simplicidade e cautela. O frio penetrava em todos os sítios possíveis e nós sentíamo-lo. As nossas pegadas ficavam gravadas na areia por momentos até a onda as levar. Olhávamos de relance um para o outro como se sentíssemos que éramos tudo um para o outro, mas ninguém tinha a coragem de transmitir o verdadeiro sentimento. E o silêncio era a nossa escolha. O sol, escondido entre nuvens, rasgou para nos mostrar um bonito pôr-do-sol. E será que alguém teve a coragem de olhar para ele? Algo mais forte disse, que amanha ele estaria ali para nos dar um melhor pôr-do-sol, para que servia olhar hoje para ele?! E foi isso que aconteceu, não conheço o teu cheiro, o teu cabelo macio, as tuas palavras e os teus sentimentos. Porque pensei que existiria um amanha para fazer isso. Abraça-me agora, porque o amanhã não existe.