"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Só quero...

Eu quero. Quero respirar o ar puro, nem que seja o da rua. Quero descobrir o mundo, com a mochila ás costas. Quero um festival. Quero abanar a cabeça num concerto de rock e estalar os dedos num de jazz. Quero uma fogueira e uma guitarra na praia. Quero um mergulho no oceano e nunca mais voltar. Quero fazer o que me apetece sem dedos a apontar. Quero beber cores esquisitas. Quero dançar música pimpa com um/a desconhecido/a. Quero rir e chorar. Quero acampar contigo. Quero cantar, quero gritar. Quero tossir de alegria e contagiar o mundo inteiro. Quero baloiçar na cadeira. Quero as cinco da manha e o sol a rasgar. Quero pulseiras e desejos. Quero areia e conchas para colocar no bolso. Quero fotografar os meus pés. Quero-me. Quero-te. Quero-o/a. Quero-vos. Só quero,




coragem.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vive o presente e alcançarás a felicidade

Vivemos rodeados de pessoa que lutam todos os dias por atingir cargos profissionais cada vez mais elevados, nem que para isso seja necessário empurrar o adversário. Diria que chegamos a certas a alturas que parece que vivemos num ringue de boxe. É uma sociedade que reafirma a frase, cada um por si, mostrando com ela uma ganância. É a procura individualista pelo lugar ao sol.
Depois de um dia de trabalho e de limparem a sua dupla personalidade, olham ao espelho e desejam a felicidade. Uns lembram-se de tempos passados e de como eram felizes, outros imaginam que se fossem desta forma ou daquela conseguiriam atingir a felicidade, outros recordam as suas desgraças, choram por perdas e esquecem-se que todos temos dessas desgraças. Todos estamos cheios de mortes, de erros cometidos, mas estas pessoas dedicam-se a relembrar continuadamente essas circunstâncias. Ainda existem outros que olham o espelho, pensando que depois do curso acabar, depois de fazerem aquilo e aquilo vão atingir o mais esperado. Esquecendo-se que nunca serão felizes porque quando alcançarem o que realmente queriam existirá sempre outras coisas incansáveis.
Enquanto perdes o teu tempo a desejar a felicidade, eu vivo mesmo ao teu lado, e tu ainda não deste conta.
Talvez procures a magia em locais mais longes, sem olhar, nem que seja uma única vez, à tua volta. Eu estou aqui mesmo ao teu lado e tu nem sabes que eu existo. Se calhar para ti é algo sem importância. Deves-me considerar uma pessoa oca, sem objectivos a atingir, sem argumentos válidos para ser feliz. Mas ao contrário de ti, eu preocupo-me contigo. E sei que estás mesmo do outro lado da parede do meu quarto. Na verdade partilhamos a mesma parede, chego por vezes a tocar nela para te sentir, perto de mim.
Vivo mesmo ao teu lado, não sei como ainda não deste conta.
Os domingos são passados em família, todos cooperam nas tarefas, e dou por mim a ver-te sorrir. Muitas vezes parece que também olhas para mim, eu desvio o olhar, mas depois reparo que tinha sido uma ilusão. Esta ilusão que me acontece muitas vezes, enganando o meu cérebro, deixando o meu inconsciente confuso por alguns instantes fazendo com que este capte ideias falsas e preencha espaços vazios.
A tua vida é agitada e muito ocupada. Existem noites, que espero que feches a porta do teu quarto para te sentir a deitar, mesmo aqui ao lado. Esta noite é uma delas, e ainda estou à tua espera, espero ansiosamente que feches a porta, e que me deixes mais uma noite imaginar todos os teus passos, todos os teus sonhos.
Anseio pelo dia que te vou poder ensinar que a felicidade pode estar mesmo do outro lado da parede e de nada vale andarmos por aí a desanimar, correndo desesperadamente para a encontrar.
A felicidade consiste em dar valor a cada momento presente, um sorriso de um ser querido, uma palavra de um amigo amável, uma comida deliciosa, um por do sol fantástico... Aí esta a felicidade, não é nas grandes coisas.
Se qualquer aspecto do passado ou do futuro condiciona nosso presente, que é o único que existe, então nós estamos equivocando da raiz e perderemos o presente. Temos que recordar o passado, já que nele reside nossa experiência, e temos que prever o futuro, mas sempre sem condicionar o presente.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vagueando...

Vagueando pelas ruelas da minha aldeia, que me viu crescer. Fechada num escuro rasgão que me fere a placidez. Não existe luminosidade que alcance a minha vista, abençoando os meus passos e os meus sentimentos. A intelectualidade das mentes fere-me. E o mundo, em geral, também. Infectado de protocolos regidos pela pobreza de espírito.
Para onde caminho eu, que trilho optarei neste mundo, onde tocar no céu já não chega.
Devaneando sozinha pelos caminhos estreitos, pessoas ultrapassam a minha magia, rodeadas de interrogações. Pensativas, sem encontrar a resposta, estranha mas obvia, por me encontrar sozinha. Cercada por apáticos e indiferentes não quero estar. Os obstáculos desta sociedade são sublimes, futilidades, banalidades e indolência. Aprisionam-me como um cordão umbilical, a luta por não ser alimentada por todas estas farsas, é grandiosa.
Magia encontro nas madrugadas quando atalho entre caminhos, estarão eles vazios, mas sempre com um toque particular que os torna únicos. Sou feliz quando encontro a minha identidade e sei que ás vezes é necessário uma chuva que afogue o mar que me olha, todos os dias, cheio de fragmentos do que fui e deixei.

Entrem no mundo da fotografia


Sites onde podem encontrar fotografias da minha autoria.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O passar do tempo

Que melancolia de vida... um autocarro com três pessoas, estarão tristes e vazias? A pensar em nada e em tudo ao mesmo tempo? No passado, no futuro ou mesmo no presente da vida. Serei um intruso deste autocarro ou serão eles?
Depois de uma travagem, uma pessoa entra com mais energia. Não consigo entender o seu discurso, mas tento. Resmunga com o condutor. Talvez seja por este ir distraído e o fez esquecer que tinha gente na paragem á sua espera. Eu carrego no stop, para abandonar esta rotina e deparo-me com a senhora, que eu até a conheço de infância, apesar desta já não me reconhecer, sim é verdade cresci e já não sou aquela menina pequenina que pulava a todos os minutos, tenta dialogar comigo dizendo "com a pressa com que o condutor vai, vais atrasa-lo". Ri-se e eu também esboço um sorriso, sorriso este natural... já chega e abandono o autocarro percorrendo as ruelas, olhando para a direita e para a esquerda, de vez em quando para trás... Até chegar ao meu refúgio, onde ninguém me pode encontrar.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Aos demais...

Eu não me lembro quando eu era, quando o jogo acabou. Não faço ideia quando a minha vida começou a correr rapidamente. Quando o coração sentiu picos de rosas e quando tudo começou a voar sem ter asas. E agora que começo a entender as regras, parece que tudo é mais difícil.
Se eu deixasse o meu coração sentir, hoje ele estaria despedaçado. Seguir em frente é uma coisa fácil, o difícil é o que deixar para trás.
O sono já não sente mais dor e a vida está cicatrizada.

Prazeres violentos e emoções fortes

Dias em que sentir parece tão fácil, outros em que sentir faz doer. Dias em que sentir só te deixa triste e confuso, dias que pensas que nada é para sentir uma vez que tudo é uma farsa e sentimento nem existe. É simplesmente uma invenção nossa, para conseguirmos sentir o coração palpitar mais forte. Já alguém dizia que sentir as emoções só provoca uma forte angústia. Teremos pois de ser indiferentes às paixões e à dor. Aproveitando o dia como se fosse o único esquecendo que existe futuro e que existiu passado. Neste mundo a nossa única certeza é que vida é efémera e que acabamos por morrer, então porque continuar a sofrer a cada minuto que passa? Assim, se não queremos sofrer mais, resta-nos recusar os prazeres violentos e as emoções fortes que mais tarde só nos levaram a uma tragédia. A questão é, será que alguém esta disposto a isso, a recusar um forte palpitar do coração, um friozinho no estômago a favor da tranquilidade? Será que a vida é para ser observada e não para ser vivida?
O homem está pois preso na sua própria condição.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

" Gato que brincas na rua...

invejo a sorte que é tua, porque nem sorte se chama..."
Sentimento este que se transforma como uma montanha russa, tanto está lá em cima a racionalizar afirmando que tudo corre bem e que o caminho é sempre em frente, como está cá em baixo, a parte psicológica, o medo, o anseio, a vontade de te encontrar e não o conseguir.
Já alguém dizia " Exprimir-se é dizer o que não se sente", mas hoje eu gostava de te ouvir, gostava de te conhecer, gostava de te encontrar.
Relembra-me. Relembra-te. Relembra-nos. Recorda o álbum que completamos, esfolheia cada momento teu, meu, nosso.Vive e não desesperes pelo passado. O passado já foi escrito, agora preocupa-te com o presente. Com hoje, não com o ontem nem com o amanhã. Qual a definição do mundo? Tu completas ou destróis a tua vida. Nem hoje nem nunca é dia de desistir, lança as cartas e joga.

Ó gato que passeias na tua rua, na tua alegre inconsciência. Deixa-me ser assim como tu. Deixa-me ter a minha alegre inconsciência e a consciência disso. Seria eu então mais feliz.


..."És feliz porque és assim, Todo o nada que és é teu. Eu vejo-me e estou sem mim, conheço-me e não sou eu."

sábado, 6 de setembro de 2008

«A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade…»

A nuvem tapou o sol sem demoras como já soubesse o caminho que teria de percorrer. Deixou cair gotas de água como entendesse o ritual. Parece que cada uma conhece o caminho a perseguir, o caminho a descobrir. Uma e mais uma cai no jardim, outra e mais outra cai em cima da folha verde. Aquela parece que tinha o destino de cair na terra deixando ser sugada pela raiz e conhecer o interior de mais uma vida.
Uma caiu em mim. Será que era esse o destino ou foi um sopro de vento que lhe alterou o caminho. A vida tem destas coisas troca-nos os planos sem sequer pedir, sem perguntar a que é que tem direito. Sem lhe importar o que nos faz sentir.
Abracei o nada e dancei ao som do violino do teu coração. Senti a frescura do momento, o vestido molhado e rodei. Rodei com as primeiras folhas que caem da árvore, como olham com entusiasmo. Também a arvore me quer acompanhar então desprende os seus ramos e deixa-se contaminar pelo momento. Hoje pela primeira vez não se chateia com o vento e com a chuva e dança ao som do violino. A rua está deserta, fria, molhada e triste para os olhos comuns, mas para mim todo o momento está acompanhado com a tua música, que me faz mais um vez esticar os braços, levantar a cabeça e rodar. Experimenta a felicidade quem saboreia de olhos fechados e de braços abertos gira ao sabor do vento como um moinho. Vou deixar a chuva morar na minha janela e dançar ao seu ritmo, guardando cada gota da vida, dando asas a uma respiração desamarrada.
E tu gota que estás no chão a reflectir o meu rosto. Serás feliz?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mas de quê? De rasgar o peito. Com quê? De morrer com a paixão.

São tantos os dias que espero derrubar silêncios e marés. È muito tempo a desejar o tempo, desejando quem és. É tão funda a toca que te escondes tem a distância entre o silêncio e a voz. A vida vai caminhando e descascando momentos até chegar a nós.
Olhei o horizonte e realizei uma viagem sem sair do meu lugar. Desenhei uma ponte até ao outro lado onde pudesse perder o peso dos dias que fica agarrado á pele.
A vida é tão vazia e apressada, os dias são tão tristes se te esqueceres de viver, agarra o mundo com as tuas mãos e acende todos aqueles momentos onde se esconde os teus sentidos. Não te preocupes se errares, faz parte sermos um pouco perdidos, faz parte corrermos atrás dos sentidos, faz parte começarmos de novo, se perderes o caminho de certeza que o vais encontrar nos perdidos e achados.
Agarras a minha mão com a tua dizendo que me estás a salvar. De quê? De viver o perigo. De quê? De rasgar o peito. Com quê? De morrer com a paixão. De quê? Se o que mata mais é não ver o vento soprar o coração.
Agarras a tua vida com as tuas mãos bem fechadas e esqueces-te que ás vezes quando não existe chão, nem rede debaixo de nós a queda é maior. E tens que as abrir. Nesses dias pedes-me para te salvar. De quê? De sentir o coração acelerado. De quê? De sentir as lágrimas do coração. Com quê? Com o amor. De quê? Se o que mata mais é não sentir os momentos é não saber se o nosso coração ainda está vivo.
Abraça-me bem.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Abandono e desamores

São tantas as imagens terríveis que nos são indiferentes. Lágrimas derramadas na poeira do dia, abandono e desamores. Tantas pessoas deitadas no chão á espera de uma mão, á espera de um carinho, são tantos os medos. Tristezas cravadas no fundo do peito, sem ninguém que os abrace, sem ninguém que os leve antes da escuridão.
Então eu olho para ti quando adormeces, desenho a tua mão em mim a forma do teu corpo em mim, assim em paz. Como seria bom se o mundo fosse assim.
Batalhas perdidas, armas descarregadas, há corpos caídos no chão frio, sem ninguém que os arranque, sem ninguém que estanque.
Então eu desenho-te em mim. Assim em paz.

sábado, 16 de agosto de 2008

"E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz existe a tua voz"

Procuro amor verdadeiro, amor sem desejo. Leve brisa, minha mão tocou. Sentimento puro me despertou. As tuas costas com a minha mão. Movimento de dedos activou e os teus traços percorri.
Leve luz me impulsionou, um olhar provocou. Uma nuvem tapou, sentimento de culpa avistou.
Maresia cheirou, os meus lábios te tocou.
Fim da tarde avistou, homem racional voltou, com perguntas despropositadas me desfez...

Silêncio quebrado.

Sonho. Não sei quem sou neste momento.

"Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém."

Fernando Pessoa, 6-1-1923

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Se o molho diminuir muito, junte um pouco de água.

Acordei a pensar ter sonhado alguma coisa.

Os livros estão no chão abertos em páginas, deixando-se ler e perceber. Libertam as suas palavras ao vento, esperando que as mensagens sejam lidas, interiorizadas e exteriorizadas. Anseiam provar emoções e sentimentos. Desejam inspirar grandes ou pequenas... reacções.
Passo a mão entre os nós do meu cabelo. Que raio, aqui está tudo num meio-termo, não são caracóis nem deixam de ser, não é noite nem dia, não existem sins nem nãos. Uma prisão de mais ou menos, está tudo num centro que nem é centro, é tudo e é nada.
A cama está desfeita, um lençol branco no chão, amarrotado, espalhado. O telemóvel num canto á espera que lhe dê vida. Mas hoje ele vai acabar por se desligar sozinho.
A roupa que me cobre o corpo, vai caindo pelos quatro cantos. Deixo a água escorrer pelo meu corpo. E bebo um pouco de água.

Hoje sonhei qualquer coisa. Mas esqueci-me.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

All of my memories....

Bloqueio a minha mente conseguindo passar pela multidão sem os ver, sem os ouvir. O semáforo está vermelho tentando controlar o tráfego. O carro vermelho parado numa fila intensa buzina num tom agudo que me perturba a imaginação.


Procuro incessantemente na gaveta das recordações o dia em que te conheci. Procuro pistas que me levem a saber o porque de te ter deixado tocar-me. A gaveta tem desejos, descobertas, risos, lágrimas, tem os dias idealizados e dias que me levaram a ti.
Descubro, por fim, um resquício difuso do dia em que nos encontrámos pela primeira vez. Recordo, aquele abraço ao som do mar, que concretizou a sombra mais bonita de alguma vez, mas não deixo que me bloqueie a mente uma vez mais. A sombra de hoje é só minha, pode não ser tão bonita para os demais, mas para mim esta sombra tornou-se única, descobri que nela está a união e a simplicidade. Palavras que tu soubes-te quebrar.
Nunca me cruzei contigo depois do último olhar, depois da tua rejeição. Mesmo tendo a sensação que a recordação de tudo que senti contigo vai aparecer, talvez até um desejo de sentir os teus braços. Mesmo que paremos, de novo, frente a frente, para tentar uma vez mais, temos um problema. O semáforo ficou vermelho para sempre.


O carro vermelho arrancou no semáforo verde. E eu continuei no passeio reconstruindo o bloqueio da mente.


All of my memories keep you near.
Your silent whispers, silent tears.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

«E eram os brancos da sombra nascidos do mar pelas naus, Guiados pelos ventos do céu e pelo voo das aves.»

“Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Acordei com o barulho da chuva. Tinha a janela aberta da noite quente que estava. Espreguicei-me. Enrolei-me no lençol e olhei para o telemóvel. Podia ser que naquela noite te lembrasses de mim, mas pareceu que não, a caixa de correio estava vazia.
Levantei-me e senti a brisa matinal. Apreciei o cinzento do céu, do mar e a transparência das gotas de chuva. Pensava em ti.
Com um chá quente na mão, sentada na pedra do jardim abrigada da chuva, a brisa caminhou até mim enroscando-se por detrás do pescoço conseguindo levantar o meu cabelo. Arrepiei-me.
Apesar da chuva o dia não estava frio. E fui passear pela areia molhada, moldei as minhas pegadas que mais tarde o mar as levou. Parece que as guardou como se fosse um segredo só nosso e mais ninguém tivesse o direito de as apreciar. Notei que não foram só as minhas que ele guardou. As pegadas de um pardal que pousou também foram levadas, entre correntes, marés e maresias.

"Um eléctrico cheio
Uma voz de permeio vai chover
Bate forte a saudade
Como é grande vontade de te ver"

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Um amor como o do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

«Murmurações: Onde já se viu uma coisa igual? Uma andorinha, da raça volátil das andorinhas, namorando com um gato, da raça dos felinos?»

Amor aquele que percorreu todas as estações do ano num curto espaço de tempo. A primavera, conseguiu de nós sorrisos de felicidade e consegui ler uma história de amor. Para ser sincera o Verão foi curto, passou depressa. É sempre rápido o tempo da felicidade. Digamos que o Tempo é um ser difícil, dias em que foge às pressas e outros que escoa moroso.
Outono chegou mais cedo do que esperava. Rompendo a nossa união. E a alegria deu lugar à tristeza.
Luto todos os dias para o Inverno não chegar. Não quero ter a confirmação que o nosso amor é impossível.
"Pata com pato, pomba com pombo, cadela com cão, galinha com galo, andorinha com ave, gato com gato." Será esta a lei da vida? (Não a queres quebrar?)
E o que sinto por ti, será mesmo amor impossível?


“O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha”

domingo, 20 de julho de 2008

« como a queda dum sorriso p'lo canto triste da boca, neste vazio impreciso só a loucura me toca. »

Amanheceu com neblina matinal. Desprotegida compreendi que te tinha perdido o rasto e a cidade tornou-se vaga. Com pessoas com belos sorrisos, mas mortas, com recordações que bóiam no rio Lima.
«Esperei por ti todas as horas. Frágil sombra olhando o cais. Mas mais triste que as demoras. É saber que não vens mais.»


Costumava mandar-lhe uma mensagem de 'Bom dia’, à espera de um convite. Só quando ele queria ter a certeza que não ficaria em casa, quando ele não queria largar o nosso encontro ás mãos do acaso, a mensagem chegava brilhante e esplêndida. E as bolas de cristal ocupavam o lugar dos meus olhos.
Caminhava sozinha entre ruelas e avenidas para conseguir alcançar o momento de te ver sentado de costas, como uma criança a pensar no seu mundo ideal. Quando me via abraçava-me. Ele era 'grande' e os seus braços abrangiam o meu corpo por inteiro e enterrava a minha cara em seu peito. Como era bom sentir-me protegida.
Dava-me a mão para atravessar aquela corrente, aquele tumulto de gente. Gostava de ouvir o mar, apreciar a brisa despertar e sentir a areia. Por isso era para onde caminhávamos, entre conversas. Ele falava muito, era uma alma solitária, repleta de misticismo, com uma vontade gigante de exacerbar toda a complexidade do mundo. A mim, só me competia a tarefa de o ouvir e deixar descansar.
Enquanto o sol hesitava entre acompanhar-nos ou deixar-nos, despertávamos sentimentos, riamos e chegávamos a chorar.
Deitados na areia, com os olhos fechados, sentíamos a respiração um do outro. E quando os abria dava com ele a olhar para mim. "És linda..."

Perdi-lhe o rasto, hoje sou eu que estou sentada de costas como uma criança a pensar num mundo ideal.

"Nunca deixei de te ouvir"

"Nunca deixei de te ouvir,
murmuras-me como a água do mar,
oiço-te na noite,
durante os dias.
Tens o sabor da água salgada
és como um farol longínquo
de luz dispersa na névoa.
Eu, ainda mergulho em ti
faço-me à areia e olho-te de perto
és como um sopro de espuma salgada
que me acaricia a pele e solta o teu sabor
de praia ao luar d'uma noite quente,
e às escuras há um caminho em mim
sempre para ti."
Rui Miguel S F
Posso despertar o riso ou o escárnio, ser de pouco valor. Insignificante.
Mas tu nunca irás saber.

sábado, 19 de julho de 2008

9,8,7,6,5,4,3,2,1

Mergulho no mar e acredito que posso ser feliz.





Quando apareceres já mergulhei. E nunca mais me vais encontrar.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Procurei por ti no forte

Alguma coisa me fez acreditar que te podia encontrar no forte. Chegaste a dizer que era fácil atravessar as correntes do oceano, contudo eu achava impossível. Hoje acreditei na tua palavra e atirei-me para a água salgada, deixei de lado a teoria e caminhei até á prática. Lembrei-me das técnicas que me ensinaste para lá chegar e cheguei. Como era bonito ver os nossos locais noutra perspectiva. Mas, naquele momento isso não importava, encontrar-te era o meu ideal. Corri á volta do forte á tua procura. Quando o frio me contagiou, sentei-me na areia molhada e pensei: talvez se fizesse uma fogueira e tivesse uns morangos com chocolate tu aparecesses.
Lá estava eu mais a fogueira, os morangos mas sem ti.
Não sei se estiveste lá, adormeci com a solidão naquele confortável clima.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Pegadas apagadas

Os locais continuam no mesmo sitio, o sol continua a brilhar, o mar continua com aquela liberdade que nos dava conversa durante o dia, os passaros continuam a cantar e a pousar na areia como se nao tivesse acontecido nada.
Ninguem se lembra de nada, ninguem sabe de nada, secalhar tudo passou de um sonho e eu hoje acordei e reparei que não estavas aqui.
Corri até á praia para encontrar as nossas pegadas, mas não encontrei. Deitei-me na areia, fechei os olhos e lembrei-me do momento. Acreditei que quando abri-se tu estavas deitado a olhar para mim. Senti algo ao meu lado e depressa abri os olhos e reparei que era o pardal.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ao lado da tua liberdade

Manda-me um sinal que eu estou á tua espera. Espero por ti como o sol espera pela lua e a lua pelo sol. Voa como um pardal. Ao lado da tua liberdade eu quero viver, arrancar todos as ervas daninhas, que aparecem em momentos indesejados.
Viver sem viver. Amar sem amar.
O olhar desviou-se para ver tudo que nunca viu. Amigos com direito e sem direito de te ter sempre.
Momentos, sentimentos, desejos e sonhos. Eu marcho sozinha neste mundo mas tu já me disseste que ias marchar ao meu lado.
Se quiseres compartilhar as tuas asas eu nunca as vou cortar. Porque é isso que te faz alcançar as nuvens. Se hoje tu quiseres desaparecer eu te peço para me arrancares a raiz. Eu te peço.

terça-feira, 17 de junho de 2008

TrituraDOR(a)

A rotina contagiou-nos. Encheu-nos de vazios e fomos submergindo a palavra. Acabamos por explodir em pura balbúrdia.
Desejo-te sorte e amor. Parte para o esquecimento, porque eu já parti.
Queima. Queima o céu e a dor. Queima o meu espírito. Queima o amor e a luz.
Sai um demónio, um grito, um inferno, manicómio. Veemência e pratos partidos. Sangra o céu e a dor. Sangra o meu espírito. Sangra o amor e a luz.
Sangra. Queima as queimaduras claras. Queima a dor. Queima o céu e o amor.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Almas solitárias

Estive a noite toda á tua espera sentada sobre a tela mais bonita que alguma vez alguém conseguiu pintar. A brisa tocou-me e fez os meus cabelos sentirem a liberdade de estarem soltos. Olhei o esplêndido e infinito céu, onde as estrelas, brilhantes e luzidias, pedem para encantar as almas solitárias que olham esperando que algo caia do céu. Depois, pedem desejos especiais conseguindo encontrar o seu olhar. No seu coração fluíram emoções nunca antes sonhadas. De repente, há um trovão que acorda o coração destas almas solitárias que ficam de novo sós.

domingo, 15 de junho de 2008

A tua cor


Procurei o teu arco-íris e saltei de cor em cor.
Encontrei o azul e pensei em pintar o teu céu, soltei uma lágrima salgada e completei o mar. Deparei-me com o violeta e abracei-o. Encontrei nele sinceridade, dignidade, prosperidade e respeito. Mas perdi a esperança e não cheguei ao verde.
Observei o amarelo que despertou em mim a tua leveza, descontracção, optimismo e a tua alegria. Deixei-o sufocar-me. E perdi o sonho quando fiquei no roxo.
Segui a tristeza do anil. E lembrei-me no laranja da tua espontaneidade, tolerância e gentileza.

sábado, 14 de junho de 2008

Vou ao fim do Mundo

Procuro por ti em todos os recantos do Mundo. Percorro o teu cheiro e o som do teu sorriso. Quando vejo o sol a deitar-se, a lua a levantar-se desespero por ainda não te ter encontrado.
Dentro de mim tu brilhas mais que qualquer estrela no universo e assim eu posso vaguear pela escuridão.
Imagino o teu sorriso, a tua forma de falar, o teu cheiro numa breve história de encantar.
Não consigo parar de te imaginar por isso vou caminhar até ao fim do mundo para tocar no teu fundo. E ninguém mais me vai tirar-te de mim.
Ao relembrar-me de tudo isto é completamente impossível esquecer-me de ti.
Vou ao fim do Mundo. Ao fim ao cabo do teu ser.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Boiar ao som das ondas do mar

Estava triste. Mas não me apeteceu telefonar-te.
Tentei esquecer mas não consegui e afoguei-me na almofada. As palavras, são todas as mesmas, "Gosto de ti" escreve-se sempre da mesma maneira. E já nada faz a diferença.
Sonhar e ir ter contigo era o que me apetecia.
Consegues ver-me?
Não chores porque se não eu também choro e não consigo ver o teu brilhante sorriso. Lembra-te simplesmente de nós a boiar ao som das ondas do mar de mãos dadas a olhar para o infinito. Esquece tudo o resto á volta, todos os outros sentimentos que eu possa sentir, neste mundo diferente do teu. Eu sei que este sentimento supera qualquer furacão e sempre saberei.
Espera por mim porque eu vou deixar neste mundo a minha marca e depois vou ter contigo para ter um beijo de boa noite.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

360

Quantas vezes ficamos agarrados ao passado, presos a momentos inesquecíveis. Sempre a olhar para trás presos a um passado que pesou. Abrir a porta para um novo mundo é o passo seguinte, o mundo gira e não espera por ti.
Só quero que não te esqueças que o que te ensinei não vais encontrar em livros ou noutros corpos sem direcção. Não encontras encaixe tão complexo. E depois do mundo girar, a noite passar e tudo acabar eu vou estar aqui.
Foste tu que fizeste o meu mundo desandar e girar mas hoje eu sigo em frente. E eu senti que a estrela brilhou e nada me vai parar.
Sem me arrepender vou continuar, seguindo a vida a reverenciar o som do mar vou na certeza que o sol me vai guiar.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Não precisavamos...

Sentimentos, palavras e lágrimas. Sentimentos confusos, palavras sem significado e lágrimas de desespero.
Tu olhas e eu olho. Tu sentes e eu sinto. Minutos inesquecíveis permanecem na minha memória que me recorda a tua pessoa.
Como entendo aquele teu olhar triste e sincero. Como gosto do teu efémero sorriso, e o efémero brilho nos teus olhos.
E sinto a brisa que nos afasta e o olhar que nos une.
Por vezes tenho flashes que me dizem o que fazer mas depois tudo muda e tudo se desfaz como se fosse o melhor que pudesse acontecer.
Demora tempo para compreender que o teu calor esta a desaparecer. Demora tempo para perceberes que estou do teu lado. Mas eu não te posso soletrar todos os meus sentimentos, todos os meus olhares, todos os meus gritos.
E se tu compreendesse o que compreendi nós nunca precisaríamos de perguntar se...

domingo, 13 de abril de 2008

Combatente sobrevivente

O que não me mata fortalece-me.
E nunca quis ser igual a todo o rebanho. E quero viver como um combatente. Sou um sobrevivente sem ser fabricado em série e desde sempre tudo era razão para sonhar. Controlava o que pensava e marchava na ilusão. Hoje estar vivo é ser combatente. Vivemos num mundo completamente descontrolado onde tudo é fabricado.
Sou um combatente e ninguém me vai parar. Sou um combatente sobrevivente.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Salvaste-me

E eu estava próximo do abismo, tinha a alma destroçada, sentia-me perdida e que não podia seguir. E tu salvaste-me do inferno antes do dia nascer. Quando eu não queria nada tu fixes-te com que quisesse e salvaste-me do inferno.
Mudas-te a minha maneira de pensar recordando a alegria e eu alcancei a liberdade.
Obrigada por chegares a mim, por me amares assim e por estares aqui, não sei o que tinha sido sem ti.
Tu salvaste-me antes do dia nascer.

Recordações

Lua diz porque me olhas sempre desta maneira. Eu nunca te consigo abraçar. E tu só me fazes relembrar que te perdi e nada consigo ocultar. E eu recordo todos os nossos momentos.
Já percorri todos os cantos do mundo, mas tu estás sempre a acompanhar-me.
Como te desenraizar do céu para me soltar deste sentimento?
E olho o céu e lá estás tu. Como posso eu desapegar-te do céu?
Lua porque me olhas desse modo todas as noites? Já fui ao fundo mar, já me desfiz de todos as recordações e tu continuas aí a olhar para mim.

Liberdade de borboleta

E tu és como uma borboleta a voar neste céu imenso. Voas com toda a liberdade que possuis. E eu olho para ti, como uma criança olha para a borboleta, completamente espantada. Como é espantoso a tua leveza e simplicidade, parece que aproveitas todos os minutos possíveis. E eu fico todos os minutos a observar-te mas o mais espantoso é que não sinto que estou a perder tempo mas sim a ganhar.
Pousas numa flor com todo o teu cuidado e pensas no momento, mas algo que quebre o momento, tu acordas e voltas a voar.
Quando me viste pela primeira vez, fui algo que quebrou o teu momento e fugis-te de mim. Mas eu continuei ali, á tua espera e hoje tu sabes que eu já pertenço ao teu momento e aproximas-te de mim. Os teus olhos poisam em mim como a borboleta numa flor e não consigo impedir-me de corar.

domingo, 6 de abril de 2008

Ler, pensar e escrever

Quando leio, sublinho as palavras que me levam a ti. As que me fazem pensar nas nossas mãos entrelaças com todo o sentido. Escrevo só com as palavras essenciais para a tua compreensão. Gosto do sentido olfacto para conseguir cheirar a tua pele, o sentido tacto existe para sentir as tuas costas, a tua cara e os teus braços. A minha audição só é apurada para conseguir descodificar os teus sussurros no meu ouvido e o paladar para reconhecer o teu gosto. E como o sabor não tem só a ver com o gosto, mas também com o aroma do que se tem na boca, eu procuro sempre ter o aroma natural, para te poder saborear melhor.

sábado, 15 de março de 2008

Uma folha que cai da árvore

Hoje o meu coração poderia ser verdadeiro. Sem ser um daqueles que aparecem nos postais do dia de São Valentim. Poderia acreditar em todos os sentimentos que ele me faz sentir ser uma pessoa viva e não morta.
Mas por vezes sinto-me como uma folha que cai da árvore e que depois de uma breve liberdade entre o vento e o céu cai no chão e é pisada por todas as pessoas.
Da minha janela ás vezes não consigo ver o horizonte e o céu, mas vejo sempre a estrada. E sei que um dia quando o meu coração for verdadeiro será essa a estrada que me leva a ti. Porque mesmo sentindo-me ferrugem e gravidade acredito que um dia te vou encontrar e ser feliz.
Onde quer que estejas espera por mim, que eu vou encontrar-te.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Agulha no palheiro

Para conseguir permanecer neste mundo só peço um ridiculamente pequeno e ínfimo, quase invisível e inexistente pedaço de algo. De carinho, um pouco de atenção, uma palavra amiga sem ser necessário pedir, uma mão que me afague o cabelo e me mime quando estou triste. Não quero mais, não preciso de mais, um pouquinho de tudo é o essencial para mim. Afinal de contas quanto mais se tem menos valor se dá.
E aquele carinho que é como encontrar uma agulha no palheiro, sabe muito melhor do que aquele que se encontra ridiculamente aos nossos pés.
Todos os dias que o sol nasce, eu procuro a agulha entre os dez milhões de fios de palha. Mesmo com as leis da probabilidade contra mim, eu insisto e insisto. Uma probabilidade em dez milhões é uma probabilidade e eu não desisto.
Com o passar do tempo, o sol vai mudando de posição e pode ser que a agulha brilhe e consiga ver algo que não vi antes.
Mas será que por outro lado esteja a pedir demais, e em vez da agulha que penso que procuro, esteja a correr atrás de um alfinete de pedras preciosas, permanecendo para sempre no limiar dos sonhos impossíveis, sempre longe demais para que a minha mão o consiga alcançar... De qualquer forma, um sonho é um sonho, e tanto faz sonhar com muito como com pouco, o objectivo é o mesmo, realiza-lo, a motivação é igual, a palavra sonho tem as mesmas letras de todas as vezes que a usamos e o que marca a diferença é a vontade com que nos esforçamos, a persistência com que tentamos e a forma como avançamos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Simplesmente simples

E bastou pouco tempo para perceber que não eras igual ás outras pessoas. Eras um simples por do sol, uma simples nuvem, um simples pássaro, uma simples pessoa. Com defeitos, qualidades mas simplesmente simples. O que me fascinou.
Para ti não importava de quem era a culpa, de quem foi, com quem foi, simplesmente importavas-te com a verdade. Achavam te estranho, um ser estúpido, que não aproveitava a vida. Achavam isso porque não entendiam a tua forma simples de aproveitar cada momento intenso e simples.
Mas eu aqui escondida no meu mundo entendo-te, como entendo a dança do mar, o cheiro do vento e a beleza da chuva a cair.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O som do violino

Hoje...
Um romper do sol, uma neblina matinal e um violino a tocar.
Um gesto, um sentimento e um sorriso.
Uma lágrima, um grito e um abraço.
Um vestido, uma musica e uma leve dança.
Um traço, uma tela e um quadro.
Um olhar, uma paixão e um beijo.
Poesia no mais pleno infinito e lua no azul mais bonito. Beleza na arte surreal, como já mais vi.
Hoje descobri que as notas que nascem do violino não são notas mas sim lágrimas perdidas num soluço imenso, um soluço cósmico que só as cordas do violino sabem captar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Não existe amanhã

Estávamos nós a passear pela praia, depois de uma grande chuvada. As ondas tocavam na areia com simplicidade e cautela. O frio penetrava em todos os sítios possíveis e nós sentíamo-lo. As nossas pegadas ficavam gravadas na areia por momentos até a onda as levar. Olhávamos de relance um para o outro como se sentíssemos que éramos tudo um para o outro, mas ninguém tinha a coragem de transmitir o verdadeiro sentimento. E o silêncio era a nossa escolha. O sol, escondido entre nuvens, rasgou para nos mostrar um bonito pôr-do-sol. E será que alguém teve a coragem de olhar para ele? Algo mais forte disse, que amanha ele estaria ali para nos dar um melhor pôr-do-sol, para que servia olhar hoje para ele?! E foi isso que aconteceu, não conheço o teu cheiro, o teu cabelo macio, as tuas palavras e os teus sentimentos. Porque pensei que existiria um amanha para fazer isso. Abraça-me agora, porque o amanhã não existe.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Espécie de slide


Tenho os pés a sangrar de tanto percorrer á sua procura. Mergulhei numa onda que rebentou na areia e procurei-o. Subi a montanha, entre pedras, silvas, chuva e tempestade, mas ele não estava. Então corri até conseguir apanhar o comboio, mas ele já tinha passado e não voltava. Pensei em todos os locais onde o poderia encontrar, mas em nenhum ele estava. Cansada sem forças para continuar, parei e pensei em todos os momentos marcantes da minha vida, estavam a passar numa espécie de slide na minha cabeça. Sentada no chão peguei numa pedra e deixei-lhe uma mensagem. Agora resta a ele procurá-la e descobrir onde estou.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

"A ambição cerra o coração"

"A ambição cerra o coração", torna-nos fechados para os outros. Nem sequer conseguimos receber um simples raio de sol. Estamos voltados para nós próprios, preocupados com o nosso ego, à espera de conseguirmos atingir o que ambicionamos e nada de bom entra no nosso coração, porque ele permanece fechado a sete-chaves para a humanidade.
Não olhamos a meios para atingir o fim. A ambição consegue tornar-nos frios, cegos e sem coração, que nos torna incapazes de pensarmos.
Por isso tu que estas a ler, no teu dia a dia controla a ambição, não podemos nem devemos fechar o coração para o que nos rodeia. Temos de estar abertos para dar e receber só assim conseguiremos lutar.



“A ambição e a felicidade seguem estradas tão opostas que nunca podem encontrar-se.” (Daniel Dubay).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Tudo se transforma

Estava sentada na borda de uma nuvem quando tu me chamas-te.
Era uma vez uma menina que adorava trepar as árvores, mas principalmente aquele carvalho grande que ficava no cantinho do mundo. Adorava ficar no seu último galho, dava-lhe liberdade e dali conseguia ver o por do sol. Só ela conhecia aquele lugar e só ela tinha uma árvore amiga. Ria, chorava, sentia o coração a bater, sentia a dor mais profunda, ouvia o canto dos passarinho, e pensava nele. Era como se aquele lugar fosse algo mais do que um lugar. Simplicidade era o que se encontrava mais.
Ele não a conhecia sendo uma pessoa assim. Só a conhecia no seu dia-a-dia, rodeada de pessoas que tapam os olhos com uns simples óculos, pessoas que não têm coragem de mostrar o que realmente são. E quando ele a viu, sentada no carvalho a olhar o por do sol, descalça a sentir as veias da arvore, tudo se transformou em amor. Como Lavoisier disse: tudo se transforma.
Aquele amor não se criou como não se perdeu, transformou-se.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

No dicionário, procurei por ti

Eu vivo num cenário imaginário e
percorro-o devagar, com medo de falhar
no caminho que te posso encontrar.
Quando o dia-a-dia foge á regra
a imaginação ultrapassa a escuridão,
caímos na realidade quando levamos com um encontrão.
Fico sentada no chão rodeada de multidão.
Quando observo a multidão e não te encontro,
encontro em mim a solidão.