"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


domingo, 20 de julho de 2008

« como a queda dum sorriso p'lo canto triste da boca, neste vazio impreciso só a loucura me toca. »

Amanheceu com neblina matinal. Desprotegida compreendi que te tinha perdido o rasto e a cidade tornou-se vaga. Com pessoas com belos sorrisos, mas mortas, com recordações que bóiam no rio Lima.
«Esperei por ti todas as horas. Frágil sombra olhando o cais. Mas mais triste que as demoras. É saber que não vens mais.»


Costumava mandar-lhe uma mensagem de 'Bom dia’, à espera de um convite. Só quando ele queria ter a certeza que não ficaria em casa, quando ele não queria largar o nosso encontro ás mãos do acaso, a mensagem chegava brilhante e esplêndida. E as bolas de cristal ocupavam o lugar dos meus olhos.
Caminhava sozinha entre ruelas e avenidas para conseguir alcançar o momento de te ver sentado de costas, como uma criança a pensar no seu mundo ideal. Quando me via abraçava-me. Ele era 'grande' e os seus braços abrangiam o meu corpo por inteiro e enterrava a minha cara em seu peito. Como era bom sentir-me protegida.
Dava-me a mão para atravessar aquela corrente, aquele tumulto de gente. Gostava de ouvir o mar, apreciar a brisa despertar e sentir a areia. Por isso era para onde caminhávamos, entre conversas. Ele falava muito, era uma alma solitária, repleta de misticismo, com uma vontade gigante de exacerbar toda a complexidade do mundo. A mim, só me competia a tarefa de o ouvir e deixar descansar.
Enquanto o sol hesitava entre acompanhar-nos ou deixar-nos, despertávamos sentimentos, riamos e chegávamos a chorar.
Deitados na areia, com os olhos fechados, sentíamos a respiração um do outro. E quando os abria dava com ele a olhar para mim. "És linda..."

Perdi-lhe o rasto, hoje sou eu que estou sentada de costas como uma criança a pensar num mundo ideal.

3 comentários:

Unknown disse...

Gosto de ler os teus textos porque me transmitem sempre alguma coisa especial. Não sei explicar, mas sei sentir. Estou certo que não é, de todo, o mesmo que sentes quando escreves mas, quanto a mim, o processo da escrita tem pelo menos duas fases:
O sentimento que transpões para o "papel" e o sentimento que o leitor sente quando lê o dito texto e eu que também gosto de escrever, vivo os dois lados da acção e prefiro, de longe, ler e sentir do que sentir e escrever :P
(ok, depois disto tudo, vou acabar o comentário)

Continua a escrever e a informar-me dos teus posts :P Beijinho

aninhas disse...

escreves com a alma e isso nao 'e qalqer um que o faz !! sentes e transmites !! elevas qalqer ser leitor desse teu esplendor =)

nunca te detenhas !! nunca mesmo !! a felicidade ta' nas nossas maos !! nc a deixes escapar !!
beijinho

Anónimo disse...

Acho que já te disse isto alguma vez, mas nunca é demais enfatizar aquilo em que acreditamos...

S um dia escreveres um livro, e acredito que o podes fazer, podes ter a certeza que eu vou ser a 1ª a entrar na livraria para o comprar e ler de fio a pavio, pq 1 talento assim n é coisa de s encontrar no meio da calçada...

Bjnhs e continua a escrever, eu prometo q n vou ficar tanto tempo sem passar por aqi!!! :D