"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Agulha no palheiro

Para conseguir permanecer neste mundo só peço um ridiculamente pequeno e ínfimo, quase invisível e inexistente pedaço de algo. De carinho, um pouco de atenção, uma palavra amiga sem ser necessário pedir, uma mão que me afague o cabelo e me mime quando estou triste. Não quero mais, não preciso de mais, um pouquinho de tudo é o essencial para mim. Afinal de contas quanto mais se tem menos valor se dá.
E aquele carinho que é como encontrar uma agulha no palheiro, sabe muito melhor do que aquele que se encontra ridiculamente aos nossos pés.
Todos os dias que o sol nasce, eu procuro a agulha entre os dez milhões de fios de palha. Mesmo com as leis da probabilidade contra mim, eu insisto e insisto. Uma probabilidade em dez milhões é uma probabilidade e eu não desisto.
Com o passar do tempo, o sol vai mudando de posição e pode ser que a agulha brilhe e consiga ver algo que não vi antes.
Mas será que por outro lado esteja a pedir demais, e em vez da agulha que penso que procuro, esteja a correr atrás de um alfinete de pedras preciosas, permanecendo para sempre no limiar dos sonhos impossíveis, sempre longe demais para que a minha mão o consiga alcançar... De qualquer forma, um sonho é um sonho, e tanto faz sonhar com muito como com pouco, o objectivo é o mesmo, realiza-lo, a motivação é igual, a palavra sonho tem as mesmas letras de todas as vezes que a usamos e o que marca a diferença é a vontade com que nos esforçamos, a persistência com que tentamos e a forma como avançamos.

2 comentários:

Anónimo disse...

o teu melhor texto de sempre. depois falamos melhor em privado. adoro te **

Rui Caetano disse...

Um texto que nos faz pensar e reflectir sobre a vida. Um bom fim de semana.