"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


quarta-feira, 11 de março de 2009

Tiradas pelas ruas e ruelas da minha existência

Era fim do dia e nas ruas estreitas, onde as casas seguram o céu, as caras de sempre têm dias sorridentes e outros sisudos porque dias felizes e tristes, todos têm. Em todas as calçadas da vila as sombras estavam reflectidas. É a percorrer todos estes caminhos que vejo os céus a apagarem-se à minha passagem. É nos sonhos, quando me sento naquela esquina á direita da ruela, que descubro o avesso do mundo. Procurando um lado mais puro.
Ao longe, as aves rodopiam num símbolo de amor e vão de encontro com as nuvens. Eu estou ali mas ando a vaguear por outros pontos do globo, ao mesmo tempo; ninguém mais sabe.
Sou feita de sonhos que flutuam pelo ar, nada mais tenho para fazer de chão. Nestas caminhadas, entre ruas e ruelas agarro cada um deles e mil risadas no ar. Eu relembro, alguns vaguei-os onde a rua terminava numa porta mais alta que as árvores ao fundo dum beco. Sentada no chão, sentia-me como quando era muito pequena e não sabia o caminho para casa.
Vivo com vontade de devorar todas as parcelas da vida e confesso o meu medo de entregar o mundo que sempre quis salvar. O arrependimento senta-se comigo na cadeira de verga, fazendo-me sentir velha como aquelas que fumam cigarrilhas e relembram o passado ao sabor da nostalgia.
É no olhar para o céu que eu me reencontro, é a maré vaza que leva toda a minha tristeza, é devagar que me deixo planar no vazio da noite até tudo acalmar ao meu redor.
Guardo os dias no meu peito, agarro a vida nos braços, desamarro a solidão e vou de encontro com os sentidos.

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