"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A viagem que um dia me tornou rei da selva e da minha própria vida...

Era o pior dia da sua vida, não conseguia definir o seu estado. Como nunca lhe tinha ocorrido que um dia poderia ter que estar nesta despedida. Nunca desejou que este dia chegasse, talvez seja esta a razão. Enquanto era criança acreditava numa família, desejava-a. Passeava pela sua comunidade enquanto idealizava o seu futuro. Queria ter um filho, ensina-lo a caçar, ensinar a religião da vida, ensina-lo a sorrir e a ser o rei da sua própria vida. Mas hoje ela foi obrigada, a largar o seu filho pelas correntes do rio. Aperto no coração, sentimento de mãe.
Decidiu faze-lo ao por do sol, longe de toda a sua comunidade. Colocou-o numa cesta enquanto dormia, cobriu-o com amor, conforto e bem-estar, fazendo-o sentir-se amado e compreendido.
Ela era uma boa mãe, “comunicava poeticamente com o seu bebé”.
Sentia-se cada vez mais incompleta, enquanto via seu filho desaparecer, entre correntes, foi levado, até ficar numa margem fria, mas ao mesmo tempo sossegada.
Os elefantes todos os dias costumavam deslocar-se até ao rio mais próximo. Hoje, assim o fizeram. Uma fêmea encontrou o cesto e com a sua enorme tromba o agarrou. A tromba do elefante serve para sentir cheiros, defender-se, absorver a água, transportar alimentos, mas também serve para acariciar. Não compreendeu, mas sentiu o desespero da mãe que o largou nas águas á espera que alguém o encontrasse e lhe mostrasse o quanto a vida pode ser boa.
A criança cresceu na manada, dormia agarrada à sua mãe elefante e caminhava pela floresta em cima dela. Sentia se feliz com a sua família. Quando os seres humanos andavam á caça ele tentava protege-los e quando algum era atingido ele sofria como se lhe tivessem atingido o seu próprio coração.


Todos os dias ela ia refrescar-se ao riacho. Sempre á espera de um sentimento de paz, de um conforto, de aconchego, de uma energia que a fizesse acreditar que ele hoje seria o rei da selva ou o rei da sua vida.

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