"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


sábado, 6 de setembro de 2008

«A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade…»

A nuvem tapou o sol sem demoras como já soubesse o caminho que teria de percorrer. Deixou cair gotas de água como entendesse o ritual. Parece que cada uma conhece o caminho a perseguir, o caminho a descobrir. Uma e mais uma cai no jardim, outra e mais outra cai em cima da folha verde. Aquela parece que tinha o destino de cair na terra deixando ser sugada pela raiz e conhecer o interior de mais uma vida.
Uma caiu em mim. Será que era esse o destino ou foi um sopro de vento que lhe alterou o caminho. A vida tem destas coisas troca-nos os planos sem sequer pedir, sem perguntar a que é que tem direito. Sem lhe importar o que nos faz sentir.
Abracei o nada e dancei ao som do violino do teu coração. Senti a frescura do momento, o vestido molhado e rodei. Rodei com as primeiras folhas que caem da árvore, como olham com entusiasmo. Também a arvore me quer acompanhar então desprende os seus ramos e deixa-se contaminar pelo momento. Hoje pela primeira vez não se chateia com o vento e com a chuva e dança ao som do violino. A rua está deserta, fria, molhada e triste para os olhos comuns, mas para mim todo o momento está acompanhado com a tua música, que me faz mais um vez esticar os braços, levantar a cabeça e rodar. Experimenta a felicidade quem saboreia de olhos fechados e de braços abertos gira ao sabor do vento como um moinho. Vou deixar a chuva morar na minha janela e dançar ao seu ritmo, guardando cada gota da vida, dando asas a uma respiração desamarrada.
E tu gota que estás no chão a reflectir o meu rosto. Serás feliz?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mas de quê? De rasgar o peito. Com quê? De morrer com a paixão.

São tantos os dias que espero derrubar silêncios e marés. È muito tempo a desejar o tempo, desejando quem és. É tão funda a toca que te escondes tem a distância entre o silêncio e a voz. A vida vai caminhando e descascando momentos até chegar a nós.
Olhei o horizonte e realizei uma viagem sem sair do meu lugar. Desenhei uma ponte até ao outro lado onde pudesse perder o peso dos dias que fica agarrado á pele.
A vida é tão vazia e apressada, os dias são tão tristes se te esqueceres de viver, agarra o mundo com as tuas mãos e acende todos aqueles momentos onde se esconde os teus sentidos. Não te preocupes se errares, faz parte sermos um pouco perdidos, faz parte corrermos atrás dos sentidos, faz parte começarmos de novo, se perderes o caminho de certeza que o vais encontrar nos perdidos e achados.
Agarras a minha mão com a tua dizendo que me estás a salvar. De quê? De viver o perigo. De quê? De rasgar o peito. Com quê? De morrer com a paixão. De quê? Se o que mata mais é não ver o vento soprar o coração.
Agarras a tua vida com as tuas mãos bem fechadas e esqueces-te que ás vezes quando não existe chão, nem rede debaixo de nós a queda é maior. E tens que as abrir. Nesses dias pedes-me para te salvar. De quê? De sentir o coração acelerado. De quê? De sentir as lágrimas do coração. Com quê? Com o amor. De quê? Se o que mata mais é não sentir os momentos é não saber se o nosso coração ainda está vivo.
Abraça-me bem.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Abandono e desamores

São tantas as imagens terríveis que nos são indiferentes. Lágrimas derramadas na poeira do dia, abandono e desamores. Tantas pessoas deitadas no chão á espera de uma mão, á espera de um carinho, são tantos os medos. Tristezas cravadas no fundo do peito, sem ninguém que os abrace, sem ninguém que os leve antes da escuridão.
Então eu olho para ti quando adormeces, desenho a tua mão em mim a forma do teu corpo em mim, assim em paz. Como seria bom se o mundo fosse assim.
Batalhas perdidas, armas descarregadas, há corpos caídos no chão frio, sem ninguém que os arranque, sem ninguém que estanque.
Então eu desenho-te em mim. Assim em paz.