"Não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso."

Gil T. Sousa


sábado, 16 de agosto de 2008

"E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz existe a tua voz"

Procuro amor verdadeiro, amor sem desejo. Leve brisa, minha mão tocou. Sentimento puro me despertou. As tuas costas com a minha mão. Movimento de dedos activou e os teus traços percorri.
Leve luz me impulsionou, um olhar provocou. Uma nuvem tapou, sentimento de culpa avistou.
Maresia cheirou, os meus lábios te tocou.
Fim da tarde avistou, homem racional voltou, com perguntas despropositadas me desfez...

Silêncio quebrado.

Sonho. Não sei quem sou neste momento.

"Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém."

Fernando Pessoa, 6-1-1923

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Se o molho diminuir muito, junte um pouco de água.

Acordei a pensar ter sonhado alguma coisa.

Os livros estão no chão abertos em páginas, deixando-se ler e perceber. Libertam as suas palavras ao vento, esperando que as mensagens sejam lidas, interiorizadas e exteriorizadas. Anseiam provar emoções e sentimentos. Desejam inspirar grandes ou pequenas... reacções.
Passo a mão entre os nós do meu cabelo. Que raio, aqui está tudo num meio-termo, não são caracóis nem deixam de ser, não é noite nem dia, não existem sins nem nãos. Uma prisão de mais ou menos, está tudo num centro que nem é centro, é tudo e é nada.
A cama está desfeita, um lençol branco no chão, amarrotado, espalhado. O telemóvel num canto á espera que lhe dê vida. Mas hoje ele vai acabar por se desligar sozinho.
A roupa que me cobre o corpo, vai caindo pelos quatro cantos. Deixo a água escorrer pelo meu corpo. E bebo um pouco de água.

Hoje sonhei qualquer coisa. Mas esqueci-me.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

All of my memories....

Bloqueio a minha mente conseguindo passar pela multidão sem os ver, sem os ouvir. O semáforo está vermelho tentando controlar o tráfego. O carro vermelho parado numa fila intensa buzina num tom agudo que me perturba a imaginação.


Procuro incessantemente na gaveta das recordações o dia em que te conheci. Procuro pistas que me levem a saber o porque de te ter deixado tocar-me. A gaveta tem desejos, descobertas, risos, lágrimas, tem os dias idealizados e dias que me levaram a ti.
Descubro, por fim, um resquício difuso do dia em que nos encontrámos pela primeira vez. Recordo, aquele abraço ao som do mar, que concretizou a sombra mais bonita de alguma vez, mas não deixo que me bloqueie a mente uma vez mais. A sombra de hoje é só minha, pode não ser tão bonita para os demais, mas para mim esta sombra tornou-se única, descobri que nela está a união e a simplicidade. Palavras que tu soubes-te quebrar.
Nunca me cruzei contigo depois do último olhar, depois da tua rejeição. Mesmo tendo a sensação que a recordação de tudo que senti contigo vai aparecer, talvez até um desejo de sentir os teus braços. Mesmo que paremos, de novo, frente a frente, para tentar uma vez mais, temos um problema. O semáforo ficou vermelho para sempre.


O carro vermelho arrancou no semáforo verde. E eu continuei no passeio reconstruindo o bloqueio da mente.


All of my memories keep you near.
Your silent whispers, silent tears.